A volta de LULA

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

A volta de LULA

São diversas as teses e opiniões acerca da polêmica decisão do ministro do STF, Edson Fachin, que anulou as condenações de Luís Inácio Lula da Silva no âmbito da justiça paranaense, e lhe devolveu e elegibilidade. É impressionante como, depois de tudo que ocorreu entre 2013 e 2020, o ex-presidente ainda é capaz de pautar a agenda política no país. Passou 19 meses preso. Mesmo depois de solto, andava retraído, discreto, e curtindo a nova esposa. Agora, reaparece como o grande adversário que Jair Bolsonaro sempre desejou e provocou, mesmo inconscientemente.

A volta de LULA II

Para o bem ou para o mal, e despertando amor e ódio em diferentes grupos sociais, Lula já está na história como um dos principais líderes da política nacional de todos os tempos. O hegemonismo do líder petista no cenário político recente é um fato incontestável. Foi duas vezes presidente, e por outras duas vezes foi o principal responsável pela eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff. Isso não é opinião. É fato. Lula é o pilar da Esquerda nacional, e a Direita sabe muito bem disto. Uma Direita que tolerou este pilar por muitos anos, mas que desta vez não parece disposta a pactuar.

A volta de LULA III

A relação de Lula com a classe empresarial, essencialmente, atingiu patamares incontroláveis de repulsa. Antes era só desconfiança. Hoje é ódio. É difícil encontrar um empresário que defenda o petista. A relação, que nunca foi lá muito sadia entre a Direita e Lula (a não ser quando o interesse era mútuo ou graúdo), foi para as “cucuias” entre 2015 e 2018, principalmente, durante o período em que o governo do PT é destituído do executivo federal e seu principal líder é rapidamente condenado em primeira e segunda instância, indo parar atrás das grades paranaenses.

A volta de LULA IV

O mercado não reagiu bem ao possível retorno de Lula à presidência. A relação, eu reforço, extrapolou os limites da “boa vizinhança” nos últimos anos. Condenado em primeira e segunda instância por crimes de corrupção ligados à Petrobrás, o petista não foi efetivamente inocentado após a decisão de Fachin. O negócio é muito mais complexo. E é justamente por toda essa complexidade que eu não ficaria surpreso se, logo mais adiante, o mesmo mercado que crucificou o ex-presidente petista possa repensar alguns posicionamentos e deixar o ódio para mais tarde.

A volta de LULA V

Bolsonaro tanto gritou, tanto provocou, tanto ameaçou que enfim encontrou um adversário político à altura – mesmo com as evidentes diferenças entre os dois adversários. Definitivamente, e se a justiça assim permitir, a verdadeira oposição ao governo federal começou no dia nove de março. Não adianta. Só Lula consegue polarizar com Bolsonaro. Isso não significa, é claro, que eles sejam extremos simétricos. Nem todos sabem jogar dentro das regras do jogo democrático. Mas isso significa que Jair Bolsonaro precisa sair da zona de conforto. A reeleição está ameaçada.

A volta de LULA VI

Este é o principal fato. A reeleição de Jair Bolsonaro, que para muitos ocorreria de forma natural em 2022, está definitivamente ameaçada com o retorno de Lula ao clã dos condenados, mas elegíveis. E como político, e muitas vezes como Estadista, Lula é maior do que Bolsonaro. Você nem precisa achar que ele é santo ou inocente para reconhecer que ele é mais político do que Bolsonaro. A questão é: o petista conseguirá conciliar o país outra vez? No passado, ele vestiu terno, ajeitou o sorriso e aparou a barba. Desta vez, será preciso fazer muito mais para vencer o “Mito”.

A volta de LULA VII

Ontem, um dia após a decisão de Fachin, uma parceria entre a CNN e o Instituto Real Time Big Data divulgou pesquisa de intenção de votos para as eleições presidenciais de 2022. Bolsonaro aparece na liderança das intenções com 31% dos votos, dez pontos percentuais a mais que o segundo colocado, o ex-presidente Lula. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A mesma pesquisa aponta Sérgio Moro, com 10%; Ciro Gomes, com 9%; Luciano Huck, 7%; João Dória, 4%; João Amoêdo, 2%; e Marina Silva, 1%. Mas o jogo recém começou.

Pegou mal!

Na terça-feira, o Judiciário do RS instituiu um novo benefício a juízes, desembargadores e servidores, que também abrange os aposentados e pensionistas e dependentes. Logo em seguida, o Ministério Público editou resolução idêntica beneficiando a todos os funcionários e membros. O auxílio-saúde poderá chegar a até R$ 3,5 mil mensais. Pegou muito mal. Representantes da OAB e do Legislativo estadual se manifestaram. E o Tribunal de Justiça teve de se explicar. Em nota oficial, avisa que “nada mais fez do que cumprir a determinação do CNJ”, e finaliza com uma recuada. “Será ainda efetivado o devido juízo de conveniência e oportunidade para viabilização da medida em questão.”

Sputnik

Nesta semana, o governo de Lajeado foi procurado por um representante comercial da vacina Sputnik V, um imunizante com patente russa, e que será produzido em massa a partir de julho, na Itália. A administração municipal ainda avalia as normativas do governo federal para a compra dos produtos contra o coronavírus. E, para tal, deve contar com aporte financeiro de uma grande multinacional da área de alimentos instalada no município.

Simplifica Lajeado

O governo de Lajeado trabalha para aprimorar o programa “Simplifica Lajeado”, apresentado originalmente pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico em julho de 2017. A ideia é criar uma integração total com a Junta Comercial. Com isso, e no caso das empresas de baixo risco, os alvarás devem ser emitidos de forma automática, assim que concluída a tramitação na Junta, sem a necessidade de passar novamente pela prefeitura. É um case pioneiro no Estado.

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