A continuidade das restrições nas atividades econômicas provoca incertezas para os empresários. Entidades representativas inclusive se posicionam quanto à busca por alguma alternativa de funcionamento dos estabelecimentos não prioritários.
Fecomércios, Fiergs e a Federasul encampam campanhas para que haja um formato que prejudique menos os negócios, em especial das pequenas e médias empresas, além dos prestadores de serviços. “Se trata de um tema muito complexo. Temos de pensar na conjuntura do problema. Não podemos só olhar o quadro econômico. Primeiro nos solidarizamos com as casas de saúde, com os hospitais”, destaca o presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT) Ivandro Rosa.
Esse olhar para o drama vivenciado nas emergências inclusive foi o motivo para criação de uma campanha. As entidades de classe buscam arrecadar suprimentos aos hospitais. Junto com essa preocupação, diz o dirigente, há também todo o impacto sobre a economia regional.
“Nossa preocupação também é com o desemprego. Não há uma solução simples. Cada setor tem sido prejudicado de uma forma diferente. Essa semana ficou muito claro a dificuldade em estabelecer o que é essencial e o não essencial.”
Tanto que neste sábado, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Lajeado, a Associação Comercial e Industrial (Acil) e o Sindilojas Vale do Taquari, terão mais uma reunião para solicitar alterações nos decretos.
A alternativa debatida pelas entidades junto com os associados visa possibilitar melhores condições de funcionamento dos estabelecimentos considerados não essenciais, com detalhamento para o modelo compre e leve, bem como a possibilidade de clientes irem até as lojas pagar os crediários.
ENTREVISTA
“Se os comércios não podem abrir, as pessoas também não podem se aglomerar.”
Ivandro Rosa, presidente da CIC-VT
Na avaliação do dirigente, as particularidades do Vale proporcionam a adoção de algumas medidas, inclusive com a possibilidade dos comércios ficarem de portas abertas, mas sem atendimento pessoal dentro das lojas.
• O Vale do Rio Pardo, o Litoral Norte e a região Carbonífera decidiram pelo lockdown fim de semana. Com restrições também para indústria e supermercados. Como a CIC avalia essa possibilidade no Vale do Taquari?
Avaliamos essa discussão dentro das entidades, de fechamento no fim de semana. Modelo adotado em Santa Cruz, por exemplo. A proposta seria de na semana, mesmo em bandeira preta, haveria mais possibilidade de serviços, e depois com um fechamento mais rigoroso.
A grande dificuldade é a fiscalização. Vemos que esse é um ponto frágil. Os fiscais não dão conta de impedir a aglomeração das pessoas nos fins de semana. Se há uma lei, ela precisa ser cumprida a risca. Se os comércios não podem abrir, as pessoas também não podem se aglomerar.
• Dentro das ações públicas, dos planos e auxílios. Quais medidas podem contribuir com as empresas?
Teria de haver uma série de programas. Não é uma medida que vai dar conta de toda a dificuldade que enfrentamos. Voltar com o auxílio emergencial por mais quatro meses. Isso injeta dinheiro na economia. É uma medida que traz alento, mas por um tempo.
Percebemos que o mais crítico a partir de agora são as demissões. Já temos empresas encerrando contratos. No ano passado, ainda que os resultados tenham mostrado uma reação, tivemos um déficit na comparação com o fim de 2019.
Com uma nova leva de demissões, a economia regional fica muito fragilizada. Ano passado tivemos o reforço do agro, que teve resultados muito bons. Neste ano, os setores de aves e de leite passam por instabilidade.
Sem dúvida a economia regional sendo prejudicada com esses fechamentos, infelizmente necessários pelo agravamento da pandemia.
• O Ministério da Economia debate a retomada do programa de proteção ao emprego. De que forma isso pode contribuir para evitar a extinção de postos de trabalho?
Se trata de uma medida extremamente importante. Pois o empresário terá condição de manter os profissionais, que já estão preparados, qualificados e prontos para as funções que exercem. Vimos na nossa região os sindicatos antecipando férias. É uma possibilidade, mas com um tempo curto de duração.
Estamos em bandeira preta desde o dia 19. Com a perspectiva dos especialistas que essa situação permanecerá até o fim do mês, essa antecipação de férias não consegue resolver. Com a continuidade do programa federal, há um prazo maior para a manutenção desses empregos.