O programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, conversou nesta sexta-feira, 5, com o especialista em inteligência emocional Gabriel Carneiros que explicou os desafios de lidar com o cenário de pandemia e de que forma é possível reverter quadros de transtornos mentais e emocionais.
Confira parte da entrevista abaixo:
- A instabilidade é uma consequência da pandemia. Como é possível lidar com isso?
É impossível ficarmos bem diante do cenário que estamos. Quando falamos em inteligência emocional, não nos referimos apenas as emoções positivas. Tristeza, medo e ansiedade são três emoções completamente contextualizadas ao momento em que a gente tá. Estamos em meio a uma crise e não adianta romantizarmos porque não há recurso emocional interno que faça as pessoas ficarem 100% bem.
- Pode se dizer que a população chegou ao limite da pandemia?
Nós temos um limite. O que tivemos nos últimos três meses foi uma irresponsabilidade das pessoas. Mas isso não quer dizer que em seu dia a dia elas são irresponsáveis, apenas que estavam cansadas e com sua saúde emocional desgastada. Tem uma hora que dizemos “azar”. Temos o coronavírus que levam as pessoas a morte, mas também existe a ansiedade e depressão que também possuem desfechos negativos. Temos que lidar com tudo isso e não é fácil.
- Como você analisa o comportamento dos jovens?
É papel do pai e da mãe reprimir, orientar, pressionar e cobrar. Mas temos que ser empáticos porque essa é uma idade que todos nós já passamos e da mesma forma quebramos regras. Faz parte dessa idade essa desconexão com tudo aquilo que em tese é obrigatório. Estamos à frente de um vírus que pode matar então isso muda um pouco o cenário. Os pais precisam dialogar e fazer o jovem pensar, que neste momento se rebelar põe em risco a sociedade. Aprofundar o debate e não fugir dele.
- Qual o impacto da pandemia nas crianças?
As crianças estão cansadas e não dão mais atenção ao on-line. Sou a favor da diminuição da carga horária da aula remota porque é mais fácil recuperar conteúdos didáticos do que recuperar emoções que estão abaladas por muito tempo. Os bebês não estão tendo colo, beijo e abraço e isso reflete no desenvolvimento do sistema neurológico. Mas os impactos reais poderão ser vistos ao longo dos tempos.
- Qual a fase que a sociedade está vivendo atualmente?
Estamos na fase final que prevê a aceitação, adaptação, novas ações e novos debates. A bandeira preta para mim seria a “Memória do Trauma”, que é quando fazemos um resgate do trauma que tivemos.
- Quais as dicas para lidar com a ansiedade?
Importante é aceitar as emoções negativas. Sobre a ansiedade em específico, é preciso trabalhar com informações reais do que acontece no presente porque a ansiedade é uma emoção projetiva, do futuro. Filtrar as notícias e ter um cuidado com alimentação, dar atenção a atividade física e o sono. Um alerta que faço é em relação ao álcool. O risco de vício é muito maior se eu juntar álcool com tristeza, preocupação e estresse.
Confira a entrevista completa Gabriel Carneiros: