Setor logístico reage a novo aumento nos combustíveis

Economia

Setor logístico reage a novo aumento nos combustíveis

Após quinto aumento em 2021, gasolina acumula 41,3% e diesel 34,1%. Transportadoras criticam cenário incerto para consolidação de negócios

Setor logístico reage a novo aumento nos combustíveis
(Foto: Arquivo A Hora)
Vale do Taquari

O litro da gasolina nas refinarias subiu hoje para R$ 2,60 e do diesel para R$ 2,71. Os novos valores são aplicados após aumento de cerca de 12 centavos em combustíveis anunciado ontem pela Petrobras. O acréscimo representa 4,9%.

Esta é a quinta valorização da gasolina em 2021, 41,3% no acumulado do ano. O preço do diesel teve quatro acréscimos e acumula, no ano, 34,1%.

A cadeia de comercialização dos combustíveis no Brasil tem duas origens: produção interna de petróleo – que passa pela refinaria – e exportação. Depois, passa pelas distribuidoras até chegar às bombas.

O câmbio e o preço do barril de petróleo são itens que compõe, portanto, o valor do combustível. Os demais fatores que influenciam no consumidor final são provenientes dos impostos federais (CIDE, PIS/PASEP e COFINS) e estaduais (ICMS).

Após o último aumento, em 18 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro disse, em live no Facebook, que zeraria os impostos federais. Isso estabilizaria 15% da parcela do preço da gasolina e 9% do que influi no preço do diesel. As taxas estaduais são mais expressivas no preço final. O ICMS é 29% do preço da gasolina e 14% do preço do diesel.

Apesar do anúncio, a política de preços da Petrobras segue o mesmo neste aumento mais recente. O valor é ajustado conforme o livre mercado: o preço do petróleo e o câmbio do dólar. O governo federal garantiu também que não renovará com o atual presidente da empresa, Roberto Castello Branco, que cumpre mandato até o próximo dia 20.

Para o economista Eloni José Salvi, todas as vezes que a Petrobras foi utilizada como instrumento político o resultado foi negativo para a economia. “Se houver uma intervenção política no gerenciamento da Petrobras ela não se comporta mais como uma empresa, e sim, passa a ser um instrumento político. Com isso, perde valor de mercado e deixa de ser um bom lugar para investir. E se tiver prejuízo, quem paga é a sociedade”.

Conforme Salvi, não há uma perspectiva de melhora. Desde outubro do ano passado até março de 2021, o barril de petróleo valorizou 60%. Desde 2019, o câmbio aumentou cerca de 35%.

Empresários criticam aumento

Aumento do combustível influi em toda economia. Com elevação do óleo diesel e da gasolina, aumentam os custos de transporte dos produtos.

O empresário Valmor Scapini, da Scala Logística, caracteriza o momento como um cenário de incerteza, comparável aos anos 80, quando os preços flutuavam quase diariamente.

Conforme Scapini, a diferença, porém, é que há 40 anos já se sabia de antemão a volatilidade dos preços. As variações atuais pegam o setor de surpresa.

“A logística trabalha com contrato. E os contratos tem sempre um período de valores pré-fixados. Nós perdemos totalmente o rumo agora. É uma coisa inimaginável. Vai impactar diretamente as empresas a partir de hoje e a sociedade num futuro próximo”, critica.

O empresário destaca a preocupação do setor e o sentimento de insegurança para fechar novos negócios. Para ele, as empresas já perdiam para multinacionais, e agora, as transportadoras gaúchas não conseguem competir nem mesmo com o mercado interno, principalmente do Sudeste do país.

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