O que é isso? Pra começar, até hoje quando escrevo ISO no meu computador, o corretor de texto insiste em reorganizar a palavra, escrevendo ISSO em vez de ISO. Se para a máquina isso é difícil, imagina a gente ter que colocar ISO em prática? É uma piada. Ou quase. Afinal, é conversando que a gente se entende, imagino que diria Sócrates, enquanto conversava com as pessoas pelas ruas de Atenas. Imagina, agora, toda essa conversa que a gente costuma ter sobre ideias, inovação, adaptabilidade, resiliência e estratégia sendo implementadas por meio de processos em nossas empresas. Pois é isso que a ISO 56002 propõe.
Diferentemente da ISO 9001, que trata da gestão da qualidade, e demorou pelo menos cinco anos para ser implementada no Brasil após sua publicação em 1987, a ISO 56002 já circula no país, pouco mais de um ano após sua divulgação, com quatro companhias já tendo colocado suas normas de inovação empresarial em andamento. Cento e cinquenta empresas no mundo já adotaram seus processos.
E o que essa ISO tem a ver com a gente hoje? Ela reflete nossos desejos de superar algumas dificuldades e incertezas que temos vivido nos últimos tempos, com criatividade e resultados. E não me tachem de simplista. Óbvio que nossos problemas estão muito mais embaixo. Desemprego, mais de 250 mil mortes com a Covid, dificuldades com a vacina, hipocrisia e tudo mais precisam de outros remédios. Atenho-me aqui à postura que a norma de padronização traz à tona em seu modelo de gestão, de modo que possamos estabelecer processos de inovação que auxiliem empresas a se redesenharem.
Trata-se de uma evolução necessária ao modelo empresarial, para que possamos, mesmo (e principalmente) durante a pandemia, pensar fora da caixa e agir fora da caixa – e não pensar fora da caixa e agir dentro dela, como bem lembrado por um amigo, que agora me foge o nome. Importante considerar que, como também lembrado por Mario Sergio Cortella, a evolução nem sempre é melhoria, mas, principalmente, mudança – citando que Darwin, pai da evolução, nunca associou uma coisa a outra. Mudança é mudança. Melhoria é consequência da forma com que você lida com a mudança.
Prolongar o uso de velhos modelos tende a ser um recurso para manter o status e a riqueza conquistados. Alvin e Heidi Toffler discorrem longa e sublimemente sobre o tema no livro Riqueza Revolucionária, de 2006. Nele, o casal diz que riqueza não é sinônimo perfeito de dinheiro. “O dinheiro é apenas um dos vários sinais ou expressões simbólicas da riqueza. Na verdade, algumas vezes a riqueza pode comprar coisas que o dinheiro não pode”, escrevem e, mais adiante, nos fazem refletir sobre o desejo da riqueza, sendo ele capaz de retardar os avanços pelos quais precisamos passar – para evoluir.
Como diria Sócrates, só sei que nada sei. E isso nos dá a oportunidade de buscar o novo. E mesmo que haja Saber, ele só será útil se nos permitir aprender a partir dele. Segundo os Toffler, são mudanças na civilização que abrangem tudo que existe entre nós. Para sair da crise, inovação e vacina são o melhor remédio. Por enquanto, no RS, bandeira preta. Isso!