“Voltamos para a estaca zero, mas dessa vez com mais casos”

Lajeado

“Voltamos para a estaca zero, mas dessa vez com mais casos”

Município se encontra em pior estado desde o início da pandemia com mais de 500 casos ativos da Covid-19 e UTI lotada

“Voltamos para a estaca zero, mas dessa vez com mais casos”
(Foto: Arquivo A Hora)
Lajeado

Plantonista da Unidade de terapia Intensiva Adulto e COVID e coordenador do Atendimento 24h do Hospital Bruno Born (HBB), o médico Juliano Dalla Costa participou do programa Frente e Verso, da Rádio A Hora, nesta segunda-feira, para falar sobre a situação preocupante do município que contabilizou mais de 500 casos da Covid-19 e 100% de ocupação dos leitos disponíveis na UTI.

O médico identifica que hoje Lajeado passa por picos de atendimentos que não foram vistos no ano passado e declara estar preocupado. “Isso demonstra um fenômeno de aceleração no número de casos e consequentemente um aumento da necessidade de leitos de UTI com pacientes graves. Não que a doença esteja pior, mas o número de casos disparou em todo o Estado”, afirmou o médico.

Dalla Costa lembra que na mesma época, no ano passado, falava-se em um colapso no sistema de saúde e nas medidas a serem tomadas. “Hoje enfrentamos uma situação com muito mais casos, mais consultas e pacientes internados e as coisas permanecem abertas”, avaliou.

Ele acredita que se a situação não mudar, o município vai ter ainda mais complicações em pouco tempo. Sobretudo enquanto espera novos casos resultantes de celebrações no feriado de Carnaval. “Voltamos para a estaca zero, para o mesmo período do ano passado, mas agora com mais casos. Isso nos preocupa”, afirmou. Entre as orientações passadas por ele está a necessidade do distanciamento social e, mais do que nunca, a utilização de máscara e álcool em gel.

100% dos leitos ocupados

Devido ao aumento dos casos da Covid-19, hoje a UTI do HBB tem 100% dos leitos da Covid-19 ocupados. Na semana passada o hospital chegou a ter 11 pacientes internados para dez leitos disponíveis.

“A gente tem um plano de contingência no qual os leitos vão sendo ampliados conforme a nossa necessidade. Hoje o volume de atendimento mais do que dobrou, assim como a necessidade de internação na UTI. Esse número tem sido maior do que o pior dia do ano passado”.

Após internação

Segundo matéria publicada pela Folha de São Paulo, após alta hospitalar, 25% dos pacientes intubados por Covid morrem por sequelas. Esses são resultados preliminares de estudo de oito instituições e apontam também alta taxa de reinternações.

Dalla Costa afirma não conhecer o estudo, mas não se surpreende com o número. O médico ainda destaca que não há certeza sobre as consequências da internação a médio e longo prazo. Mas tem-se observado que, em geral, é necessário um longo período de reabilitação cardiopulmonar e fisioterapia. Além disso, não é raro pacientes desenvolverem uma limitação cardiopulmonar após a doença.

“Em parte isso é pelo próprio tratamento uma vez que o paciente precisa da medicação que chamamos de bloqueadores neuromusculares por um longo período de tempo, e vem a desenvolver uma fraqueza muscular mais tarde”, explica.

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