Preço dos combustíveis acumula alta de 34,7% no ano

Impacto no bolso

Preço dos combustíveis acumula alta de 34,7% no ano

Novo aumento no valor dos combustíveis passa a valer a partir de hoje, 19. Petrobras eleva em 10,2% preço da gasolina e em 15,2% o do diesel. Impacto deve chegar ao consumidor nos próximos dias

Preço dos combustíveis acumula alta de 34,7% no ano
Bianca Mallmann/Arquivo
Brasil

A cada litro de gasolina comprado nas refinarias, os postos de combustíveis terão que desembolsar R$ 0,23 a mais. Se o combustível comprado for o diesel, o aumento chega a R$ 0,34. Isso porque a Petrobras faz novo ajuste no preço desses produtos, que passa a valer a partir desta sexta-feira, 19.

Somente nos primeiros 40 dias de 2021, esse é o quarto aumento no preço da gasolina e o terceiro do diesel. O gerente de pista de um posto de combustível, Alexandre Rodrigues, informa que o reflexo desse aumento nas refinarias deve ser revertido para as bombas de abastecimento já nos próximos dias.

“A cada dez clientes, sete que chegam logo perguntam o preço do litro. As pessoas abastecem porque realmente precisam. É uma necessidade, não tem como fugir disso. Às vezes o consumidor reduz o volume de gasolina, ao invés de encher o tanque. Ou seja, ele abastece aos poucos. Assusta na hora de pagar, mas nós apenas repassamos o imposto e o valor recebido pelas refinarias”, explica Rodrigues.

Para o economista Eloni José Salvi, dois motivos podem explicar esses aumentos nos combustíveis. Um deles é a taxa de câmbio. Ou seja, o preço da moeda estrangeira com base na moeda nacional. O dólar é a moeda que serve como base para cotar o valor do petróleo.

“Outro motivo é o preço do barril de petróleo no mercado internacional. Hoje ele está próximo dos US$ 65. Em janeiro estava em US$ 57. Em novembro menos ainda, em torno de US$ 40. Ou seja, em três meses registramos um aumento de mais de 50%, isso é muito significativo”, destaca Salvi.

Os impactos além do preço nas bombas

O primeiro impacto que o consumidor vai sentir é no posto de combustível. Mas o economista lembra que, com esse aumento, outros produtos e serviços também tendem a encarecer.

“Se muda o preço nas refinarias, muda também o preço do frete, por exemplo. Assim, vamos ter uma maior custo no transporte de mercadorias. Quanto mais distante o local de origem do produto, mais gasolina é necessária e mais caro fica o frete”, exemplifica Salvi.

O economista ainda explica que o impacto vai ser diferente para cada setor. Quanto mais dependente do transporte, mais vai encarecer o produto ou serviço.

“As pessoas e empresas vão registrar diferentes níveis de inflação. Isso acontece porque consumimos produtos diferentes, que têm composição de custos diferente. Os índices de inflação são apenas para fazer uma média geral, mas algumas pessoas vão sentir mais no bolso”, explica.

Na economia como um todo, o profissional explica que o impacto será menor. Isso porque a representação do petróleo no cálculo de inflação varia de 3% a 5%.

O desafio das transportadoras

O diesel é o principal custo do serviço de transporte. De acordo com Diego Tomasi, vice-presidente de transportes do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado do Rio Grande do Sul (SetCergs),

“Para as empresas de transporte, o diesel representa entre 30% e 35% do custo da operação. Já para o caminhoneiro autônomo, esse percentual varia entre 40% e 50%. Para os empresários e profissionais poderem se sustentar e manter viáveis as operações, eles terão que repassar o aumento do combustível para o cliente final”, comenta Tomasi.

Por se tratar de um país rodoviário, toda a cadeia vai sentir os impactos desse aumento dos combustíveis. Essa é uma afirmação feita também pelo vice-presidente da SetCergs.

“Isso vai exigir que os transportadores e caminhoneiros tenham uma base de cálculo de custos cada vez mais elaborada. É preciso ter na ponta do lápis o controle dos custos. A sobrevivência da classe depende de uma gestão cuidadosa nestes casos”, finaliza Tomasi.

Retrospecto do preço dos combustíveis

  • 18 de janeiro: aumento de R$ 0,15 para a gasolina e manteve o preço do diesel.
  • 26 de janeiro: aumento de R$ 0,10 para a gasolina e em R$ 0,09 para o diesel
  • 8 de fevereiro: aumento de R$ 0,17 para a gasolina e de R$0,13 para o diesel.
  • 18 de fevereiro: aumento de R$ 0,23 para a gasolina e R$ 0,34 para o diesel.

Acompanhe
nossas
redes sociais