Poucos imaginavam que, da insatisfação de um grupo de pessoas pela falta de energia em uma pequena vila, surgiria uma cooperativa que, com o passar dos anos, se tornaria uma das maiores do país. Foi a partir da visão de futuro e do espírito de cooperação que nasceu a Cooperativa Regional de Distribuição de Energia Teutônia (Certel), que completa hoje 65 anos de fundação.
Inicialmente operando na Vila de Teutônia para 176 consumidores, a Certel foi se expandindo com o passar dos anos, chegando a outras regiões. Hoje, são 73 mil associados. Com grandes investimentos recentes e projetados para o futuro, a cooperativa tem como um de seus motes a inovação no setor.
“É importante não se lembrar apenas do passado, mas se posicionar para que tenhamos um futuro brilhante. É uma caminhada de sucesso, que inclui qualidade no atendimento, na prestação de serviços e investimentos na distribuição de energia”, destaca o presidente da Certel, Erineo Hennemann, à frente da cooperativa desde 2014.
Erineo substituiu o histórico Egon Édio Hoerlle – falecido em 2019 –, que presidiu a Certel por 43 anos. Manteve de seu antecessor a confiança dos associados e o gosto por investimentos inovadores, como os que serão inaugurados hoje e o que está sendo projetado para os próximos anos: a Usina Eólica Harmonia, uma forma de aproveitar as fontes alternativas de energia limpa.
Durante as comemorações dos 65 anos da cooperativa, será assinado hoje um contrato com a empresa alemã EPI, responsável por elaborar o projeto da usina. “A ideia é construir uma usina com capacidade de 30 megawatts, gerando energia suficiente para atender até 60 mil pessoas, nos trazendo uma maior autonomia”, explica Hennemann.
Outra novidade do aniversário é a inauguração da segunda usina solar da cooperativa, instalada junto à subestação de São Pedro da Serra, com 380 quilowatt-pico. Também adquiriu dois novos caminhões de grande porte com estruturas importadas dos Estados Unidos para atendimento em rede energizada.
Para marcar a data e destacar sua contribuição no desenvolvimento socioeconômico, a cooperativa promove hoje uma live, a partir das 14h, no Facebook e no Youtube, com a presença de líderes regionais, estaduais e nacionais.
“Acesso mais amigável e humano”
Quem passar pela rua Pastor Hasenack a partir de hoje, em frente à Certel, perceberá um ambiente mais limpo. Não se trata apenas das pinturas no meio fio, na sinalização e melhorias na via, mas também da retirada total dos fios de energia elétrica. A cooperativa instalou uma rede elétrica subterrânea no local.
Conforme Hennemann, trata-se de um projeto piloto da Certel, que já é realidade em outros países e até mesmo em municípios vizinhos, como Lajeado, onde há cabeamento subterrâneo em dois loteamentos. As obras foram executadas durante um mês.
“Sempre procuramos nos antecipar ao desenvolvimento tecnológico. Dará um novo visual para o ambiente, um acesso mais amigável e humano para quem vem até a Certel, sem aquele emaranhado de fios e cabos. No futuro, as redes urbanas serão todas subterrâneas”, comenta, admitindo uma possível ampliação. “Daqui para frente, se verifica o custo/benefício”.
Outra inovação da Certel a ser inaugurada hoje é o ponto de abastecimento para carros elétricos. O espaço, situado também na sede administrativa, será disponibilizado de maneira gratuita à comunidade. A própria cooperativa adquiriu, recentemente, seu primeiro veículo 100% elétrico.
Ontem, trabalhos foram finalizados no cabeamento subterrâneo em frente à Certel. Caminhão também é uma das novidades (Foto: Divulgação/Samuel Bünecker)
“Melhor ano da história”
2020 foi um ano atípico por conta da pandemia da covid-19, afetando diversas grandes empresas e indústrias. A Certel resistiu à crise. Ainda que a liberação da construção da Hidrelétrica Vale do Leite tenha atrasado na Fepam, Hennemann se refere ao ano passado como “o melhor da história” da cooperativa.
“Foi um ano de protagonismo da Certel. Fizemos a maior compra de energia de nossa história, para ter uma tarifa menor nos próximos 15 anos. Aumentamos a receita e reduzimos os gastos operacionais”, afirma, destacando também as vantagens do modelo cooperativo.
“O associado é o dono da cooperativa. É um modelo diferente, que muda o relacionamento do proprietário com o associado, que traz sugestões, informações. E nós realizamos pesquisa com os associados, verificando onde podemos melhorar”.
A Hidrelétrica Vale do Leite, com 6,4 megawatts de potência, ficará situada no rio Forqueta, entre Pouso Novo e Coqueiro Baixo, e terá capacidade para atender até 20 mil pessoas. O investimento previsto é de R$ 48 milhões.
