Com sintomas da covid-19, Lucas Braga fez na manhã de ontem, 17, um teste de farmácia e recebeu o resultado positivo. Logo, procurou o posto de saúde do Centro de Lajeado. Ele queria uma consulta com médico e um atestado para ficar em isolamento. Porém, teve que ir embora sem ser atendido.
“Quando cheguei, vi uma fila muito grande. Muitas pessoas esperando no sol, sentadas, algumas passando mal. E eu fui uma delas. Fiquei cerca de 1h30min na fila, que não andava, não saía do lugar… Não sei o que aconteceu. Comecei a passar mal e me obriguei a ir pra casa”, comenta Lucas.
Por volta do meio-dia, cerca de 30 pessoas aguardavam por um atendimento médico. Uma delas era Jéssica Speller, que aguardava na fila há mais de duas horas. Ela reclama do fato de pessoas sintomáticas e inclusive já positivadas terem que esperar tanto tempo para receber atendimento das equipes médicas, gerando aglomeração.
“Quando cheguei tinha ainda mais pessoas. Acho que isso é um descaso com a saúde pública. Eu não poderia nem estar aqui na fila, estou me sentindo mal. Um médico da empresa onde trabalho que me orientou a procurar atendimento pelo município, quando relatei os sintomas”, comenta Jéssica.
Governo se posiciona
De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Juliana Demarchi, duas leituras podem ser feitas a respeito do ocorrido. Uma delas está relacionada ao aumento no número de casos ativos registrados nos últimos dias no município.
“O vírus segue circulando. Vamos ter picos de maior incidência da doença, principalmente quando tivermos o relaxamento das medidas de cuidado. Com isso, a busca por atendimentos aumenta automaticamente”, explica Juliana.
Já a outra possibilidade é que o aumento na procura pelo posto de saúde seja uma demanda reprimida do feriado prolongado realizado pelo município nos últimos quatro dias.
“Normalmente são 60 pacientes atendidos por dia. Então temos uma demanda reprimida de 120 pacientes, que não tiveram atendimento nesse período”, comenta.
Número de médicos
Na manhã de quarta-feira, quando o fato foi relatado à reportagem do Grupo A Hora, dois médicos estavam atendendo. No turno da tarde, um terceiro profissional foi acionado para agilizar a demanda que se criou ao longo do dia.
“É uma preocupação nossa, ver os pacientes aguardando por um tempo prolongado, aglomeração e filas. Nesta quinta e sexta-feira teremos uma escala de médicos para suporte. Vamos avaliar nos próximos dias se a demanda de ontem é simplesmente uma demanda reprimida do feriado prolongado, ou se de fato o aumento no número de casos ativos repercute nos atendimentos”, explica Juliana.