Rede privada volta às aulas nesta quarta-feira em meio à flexibilização

Capacidade ampliada

Rede privada volta às aulas nesta quarta-feira em meio à flexibilização

Decreto publicado pelo Piratini revoga o limite de 50% da capacidade das turmas presenciais em instituições de ensino. Medida é elogiada por diretores de escolas particulares, mas criticada por Cpers

Rede privada volta às aulas nesta quarta-feira em meio à flexibilização
Maria Eduarda e a mãe, Daiane, estão prontas para o retorno no Madre Bárbara (Foto: Mateus Souza)
Vale do Taquari

“Ela está bem empolgada e animada. Nas férias, acordava e perguntava quase todo dia se era dia de aula”. A frase, da professora Daiane Giovanella Ruggeri, retrata o sentimento da pequena Maria Eduarda, que inicia hoje mais um ano letivo no Colégio Madre Bárbara, em Lajeado.

Aos seis anos, Maria Eduarda cursará a primeira série do ensino fundamental e não vê a hora de rever suas colegas de classe, sobretudo após o curto período de convívio no ano passado, por conta da pandemia. Foram seis meses de ensino totalmente remoto. “Outras crianças tiveram mais dificuldades, mas ela se adaptou bem.

Vimos quando voltou ano passado, a alegria delas no geral. Esses 3 meses de ensino presencial foram muito importantes”, destaca Daiane.

Maria Eduarda é uma das milhares de estudantes que voltam hoje às aulas da rede privada de ensino no Vale. E o retorno ocorre em meio a uma mudança nas regras de ocupação das salas, após novo decreto publicado pelo governo do Estado, que revogou o teto de 50% da capacidade das turmas presenciais.

Pelo decreto, publicado ainda na noite de segunda-feira, 15, a medida vale tanto para escolas, quanto para creches e universidades em todo o território gaúcho. Entretanto, permanece a determinação para o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as classes.

Em Lajeado, além do Colégio Madre Bárbara, retomam o ano letivo hoje o Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), Colégio Sinodal Gustavo Adolfo e o Colégio Sinodal Conventos. Outras instituições do Vale, como o Colégio Teutônia e o Colégio Martin Luther (Estrela), também darão início às aulas.

Pedido atendido

O fim do limite de 50% era uma das bandeiras defendidas pela rede privada de ensino, por meio do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS).

O município de Lajeado, em janeiro deste ano, também encaminhou um documento semelhante ao Palácio Piratini, pois entendia que a volta às aulas com 100% da capacidade na rede municipal era viável. O fato foi destacado pelo prefeito Marcelo Caumo nas redes sociais.

Escolas preparadas

No Ceat, a expectativa é de que retornem cerca de 800 alunos hoje, de acordo com o diretor Rodrigo Ulrich. Segundo ele, a volta ocorrerá em todos os níveis de ensino, desde o infantil ao técnico. “Estamos cumprindo tudo o que é determinado no decreto. E, da sétima série ao segundo ano, ainda vamos manter parte das turmas em casa, e parte na escola semanalmente”, explica.

Ulrich lembra que a escola defende que o distanciamento de 1,5 metro por classe seja flexibilizado, reduzindo o limite para um metro. Outro pleito é a implantação do currículo optativo, com atividades no turno inverso.

“O Ministério da Saúde possui estudos que diz ser viável. Não se justifica manter os 1,5 metro. Temos aqui salas muito grandes, onde poderíamos colocar o dobro de alunos hoje, respeitando o distanciamento. E estamos com um planejamento forte para, a partir de março, fazer uma retomada”, afirma.

No Colégio Evangélico Alberto Torres, em Lajeado, expectativa é que retornem hoje cerca de 800 estudantes, em todos os níveis de ensino (Foto: Mateus Souza)

Já no Gustavo Adolfo, conforme o diretor Edson Wiethölter, a expectativa é pelo retorno de até 70% dos estudantes ao ensino presencial. “Permaneceremos com o regime híbrido. Os alunos podem optar se querem ou não assistir às aulas de forma presencial”, salienta.

Para Wiethölter, o decreto publicado pelo governo gaúcho vai ao encontro do que a escola havia proposto. “Estamos bem alinhados e com tudo sob controle. E o decreto chancela o trabalho que vínhamos fazendo”, avalia.

Crítica do Cpers

A revogação da norma que limitava em 50% a ocupação das salas de aula também gerou críticas. O Cpers divulgou ontem nota contestando a decisão, considerando-a “irresponsável” e afirmando que consiste em “algo inédito no mundo”.

“Mesmo em bandeira preta, as turmas poderão ter lotação máxima. (…) Não há mais restrições à circulação do vírus nas escolas, já abandonadas à própria sorte pela falta de fiscalização, ausência de testagem, incompetência na entrega de EPIs e graves carências estruturais, financeiras e de recursos humanos”, diz a nota.

As críticas também respingam no Sinepe, que, segundo o Cpers, foi o autor do pedido de flexibilização e que fará a “cogestão da Secretaria de Educação ao lado dos atuais ocupantes”. Para o Cpers, não há condições de volta segura sem a vacinação dos profissionais da educação.

“Sem vacina, sem testes, sem recursos, sem estrutura, sem profissionais, sem fiscalização e sem protocolos não há como voltar”, finaliza.

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