Igreja aposta na força do diálogo contra a violência e a intolerância

Campanha da Fraternidade

Igreja aposta na força do diálogo contra a violência e a intolerância

Lançamento da ação ecumênica em 2021 ocorre nesta quarta-feira com transmissão virtual

Igreja aposta na força do diálogo contra a violência e a intolerância
Campanha ecumênica é realizada pela igreja católica com demais religiões cristãs a cada cinco anos (Foto: Fábio Kuhn)
Vale do Taquari

A Igreja Católica se une a demais religiões cristãs para promover a 5ª edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. O tema deste ano será “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” com o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”.

Lançamento está programado às 10h desta quarta-feira com pronunciamentos de representantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), entidade que elabora a campanha ao lado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Transmissão ocorrerá de forma online nas redes sociais da CNBB.

A ação deste ano convida “os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superação das polarizações e da violência que marcam o mundo na atualidade”, cita nota da CNBB.

Além do tema reflexivo, a edição 2021 conta com Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos nas comunidades de todo o Brasil. Os recursos são destinados a projetos sociais da igreja.

Críticas e pedido de boicote

A negação da ciência durante a pandemia e a cultura da violência contra negros, mulheres, indígenas e pessoas LGBTQI+ são citados no texto-base da Campanha da Fraternidade como temas que devem ser debatidos em 2021.

No documento, CNBB e Conic criticaram igrejas que permaneceram abertas na pandemia ou que negligenciaram cuidados contra a covid-19. Também apresentaram dados sobre a morte de LGBTQI+ e pediram que a comunidade cobre das autoridades respostas sobre violência contra vulneráveis.

O aceno para diálogo com homossexuais e simpatizantes não agradou alas mais conservadoras da Igreja. Nas redes sociais, grupos criticaram a abordagem classificada como “contrária aos princípios cristãos” e pediram o boicote da campanha.

Em âmbito nacional, um dos críticos foi o presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, Frederico Abranches Viotti. Em vídeos na rede social, o religioso afirmou que a campanha “tem o intuito de quebrar a barreira em relação ao que a doutrina da igreja considera pecado, que é o homossexualismo [sic], mas muito pior (…), lança uma nova religião”.

“Temos que nos tratar como iguais”

Assessor de comunicação da Diocese de Santa Cruz do Sul, Roque Hammes percebe o tema “Fraternidade e Diálogo” como fundamental em época de debates polarizados. “Temos que nos tratar como iguais. Como disse o papa Francisco, ‘ou nos tratamos como irmãos, ou somos inimigos’”, pontuou.

Na avaliação dele, desde a primeira campanha ecumênica, em 2000, a igreja católica adota posicionamento de respeito a diferentes credos.

“Quem não aceita o que é posto de forma conjunta precisa repensar o conceito de ser católico”, reforça. O padre afirmou ainda que “Deus não excluiu ninguém” e cabe aos fiéis não julgar comportamentos alheios.

Campanha 2021 tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”

Histórico

Tradição católica desde 1960, a campanha ocorre anualmente no período da quaresma e culmina no Domingo de Ramos. A versão ecumênica (com participação de outras igrejas cristãs) ocorre desde 2000. Até o momento foram cinco edições.

2000 – Tema “Dignidade humana e paz”
2005 – Tema “Solidariedade e paz” e lema“
2010 – Tema “Economia e Vida”
2016 – Tema “Casa Comum, nossa responsabilidade”

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