Lajeado não registrava um índice de inadimplência tão baixo desde março de 2019. O percentual local atingiu a marca de 23,3%, contabilizando uma queda de 2,3% nos últimos 12 meses. O número se aproxima do registrado há quase dois anos.
Na prática, o dado se confirma. Uma loja de móveis e eletrodomésticos do município tem registrado diminuição no número de pessoas com contas em atraso.
“Na nossa loja o número de inadimplentes reduziu nos últimos meses. Um dos motivos são as oportunidades de renegociação que nós oferecemos. Tanto o cliente precisa limpar o nome, quanto nós precisamos do dinheiro da venda realizada. E a tendência é continuarmos com essas facilidades, para esse índice diminuir ainda mais”, diz a gerente, Naiane Hammes.
Para a economista Fernanda Sindelar, a queda da inadimplência em plena crise pode ser justificada por uma série de fatores. Dentre eles, o pagamento do auxílio emergencial, que possibilitou a renegociação das dívidas, com juros mais baixos.
“Muitas famílias, em virtude da pandemia, alteraram hábitos de consumo. Isso acontece especialmente ao reduzir gastos supérfluos e ao adotar comportamentos de precaução, já que nenhum de nós sabe quando retornaremos ao nosso ‘antigo normal’. As famílias pararam e repensaram todo o seu planejamento financeiro”, explica a economista
“Gastar mais do que se recebe”
De acordo com a economista, um dos principais motivos para as pessoas ficarem inadimplentes é o fato de gastarem mais do que recebem.
“No dia a dia, temos muitas ‘tentações’. As facilidades de pagamento levam as pessoas a parcelarem muitas compras. Mas, no somatório, os gastos podem ser excessivos. E aí comprometem algum pagamento essencial”, explica Fernanda.
Água, luz, telefone e aluguel. O dinheiro das famílias costuma ser contato, destinado para o pagamento de despesas pré-assumidas. Além disso, muitas famílias não possuem reservas financeiras. Assim, não são capazes de absorver nenhum gasto extra e, em momentos de dificuldade, logo percebem o desequilíbrio nas contas.
“As compras parceladas são um problema. Os juros embutidos são exagerados, em comparação à taxa de juros oficial. Da mesma forma, temos as compras no cartão de crédito, que facilitam as compras. Mas, ao mesmo tempo, se a fatura não for paga até o vencimento, os juros podem ser bem altos”, enfatiza Fernanda.
Dicas para sair do vermelho
- Não gastar mais do que a renda familiar;
- Fazer um planejamento financeiro pessoal;
- Anotar os gastos;
- Acompanhar a evolução das contas e da receita;
- Evitar despesas supérfluas;
- Evitar comprar no impulso;
- Guardar parte dos recursos como precaução;
- Cuidar para não cair em golpes.