Estudo constata alto índice de qualidade de vida no trabalho em agricultores de Estrela

Da Univates

Estudo constata alto índice de qualidade de vida no trabalho em agricultores de Estrela

Pesquisa contou com a participação de 56 produtores rurais

Estudo constata alto índice de qualidade de vida no trabalho em agricultores de Estrela
(Foto: Divulgação)
Estrela

A qualidade de vida no trabalho (QVT) tem conquistado espaço e atenção nas organizações, tendo em vista o aumento da expectativa de vida da população, mais tempo dedicado às atividades laborais, bem como a consciência do direito à saúde e incentivos às discussões sobre responsabilidade social corporativa. Porém, a atividade laboral do campo ainda é pouco abordada.

De acordo com a professora dos cursos de Administração da Univates, Liciane Diehl, se antes a agricultura era vista como uma forma de sobrevivência e só permanecia no ramo quem não tinha outras oportunidades, atualmente, apesar de ser um assunto pouco discutido, é um tipo de atividade que deve ser vista sob outra perspectiva. “A gestão da propriedade rural é tão importante e necessária quanto qualquer outra organização empresarial, no entanto, a estrutura organizacional da agricultura familiar se diferencia das demais, em virtude de cada membro ser responsável pela realização das tarefas do negócio e, caso um deles necessite se ausentar, não há quem possa substituí-lo”, destaca a professora.

(Foto: Arquivo Pessoal)

Em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvido na Universidade do Vale do Taquari (Univates), a estudante do curso de Administração, Kelin Luana Schneider, buscou identificar a autopercepção da qualidade de vida no trabalho dos agricultores da cidade de Estrela, Rio Grande do Sul.

Orientada por Liciane, a estudante realizou uma pesquisa quantitativa com 56 agricultores, por meio de um questionário para coleta de dados sociodemográficos e laborais e do QWLQ-bref, que avalia a qualidade de vida no trabalho, sob o ponto de vista pessoal, de saúde, psicológico e profissional.

Resultados da pesquisa

O estudo revelou que a média da qualidade de vida do trabalho dos participantes foi de 71,34%, sendo considerada satisfatória. Os domínios psicológico e pessoal obtiveram as melhores pontuações, 77,98% e 76,12%, respectivamente. O primeiro aborda questões referentes ao contentamento do trabalhador, sua motivação e autoestima; o segundo retrata aspectos particulares do indivíduo que possam influenciar seu trabalho, tais como a família, costumes, crenças, religião e cultura.

A menor pontuação (60,16%) pertenceu à escala de avaliação do domínio Físico/Saúde, que, mesmo assim, se manteve satisfatória. De acordo com a estudante, esse resultado pode estar associado ao fato de que a maioria dos agricultores trabalhavam acima de quarenta e quatro horas semanais e todos os dias da semana, sem desfrutar de feriados e finais de semana. “Percebe-se uma sobrecarga laboral, envolvendo intensidade e extensão de jornada de trabalho. De acordo com as pesquisas que utilizei como referências para o meu estudo, extensas jornadas de trabalho e a ausência de períodos de descanso podem levar à sobrecarga e à exaustão, além de afetar a vida social e familiar do agricultor, aumentando o isolamento e reduzindo a rede de apoio social”, conta a estudante.

Kelin ainda ressalta o quanto é importante lançar luz à saúde, bem-estar e qualidade de vida de trabalhadores rurais, já que não existe forma de considerá-los aptos ou não ao trabalho. De acordo com a estudante, o trabalhador rural não tem como ser demitido ou afastado das lidas do campo, uma vez que sua subsistência depende exclusivamente dele.

A professora orientadora, Liciane, acrescenta que “é crucial o desenvolvimento de estudos com trabalhadores do campo, pois são eles os responsáveis pela produção de alimentos, essenciais à vida de qualquer ser humano. Ao menos uma vez ao dia, os agricultores estão presentes na vida das pessoas. Além do mais, a agricultura movimenta a economia mundial e estimula o crescimento desse setor.”

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