Realizando a leitura da coluna do jornalista Adair Weiss, publicada em 6 de fevereiro, que trouxe à reflexão a importância do ler, mas, indo além, o que ler, lembrei do ditado popular que diz: “A ignorância é uma bênção”, no entanto não me parece ser aceitável que alguém acredite ser bom não saber, desconhecer, ignorar algo.
Durante um longo período da nossa história, o acesso ao conhecimento esteve restrito a uma pequena parcela da população, porém, em tempos de sociedade da informação, vivemos um momento onde o acesso ao conhecimento é quase que instantâneo. No entanto, é preciso tomar cuidado com a pseudociência que prolifera e veicula uma série de informes, e não informações, que por vezes encontram eco nos veículos de comunicação como a TV, rádio, jornais, mas encontram o campo fértil é nas redes sociais, onde são disseminados de forma fragmentada e superficial.
Um problema, nesta seara, é que todos acreditam ser especialistas no assunto e pior, outros tantos têm sua opinião moldada sem questionar argumentos simplistas, fantasiosos e, em grande medida, errôneos a respeito dos mais diversos temas; sequer questionam sobre a possibilidade de tratar-se de uma inverdade (se é que existe verdade).
Questionar, ter curiosidade, é da natureza humana, basta observar as crianças que não aceitam a primeira resposta e insistem nos porquês. Infelizmente durante nosso amadurecimento vamos sendo induzidos a aceitar as respostas e deixar de questionar, perguntar, buscar saber as causas e os efeitos de determinados fenômenos.
É certo que somos ignorantes. Há uma infinidade de coisas que ignoramos, que desconhecemos, mas seria importante exercitarmos nossa curiosidade e aí, voltando ao texto do Adair, escolher o que ler, tomando o cuidado para não cair nas armadilhas que estão dispostas em todos os tempos e espaços. Buscar conhecer para não se deixar influenciar, para formar a sua opinião, lastreada em argumentos plausíveis. Mas, parece que manter a população ignorante pode ser interessante, pois como diz a letra de uma das músicas do grupo Legião Urbana: nos querem todos iguais, assim é mais fácil controlar; para tanto é melhor matar nossa curiosidade.
Para vencer esta condição é fundamental termos uma sociedade que se posicione favorável a um processo de Educação, a uma Escola, que fomente a autonomia no pensar de seus alunos, que os prepare para formulação de perguntas, para o senso crítico, e não somente para o regurgitar de respostas prontas que lhes foram providas anteriormente. Se não for assim, continuaremos acreditando que ser ignorante é uma bênção.