Como estão os papeleiros?

2 anos após mudança

Como estão os papeleiros?

Moradores reconhecem melhores condições de vida, porém solicitam mais assistência do município

Como estão os papeleiros?
Simone é responsável por parte da triagem dos materiais na vila dos papeleiros. Para ela, a vida melhorou, mas a assistência do município ainda é necessária (Foto: Bibiana Faleiro)
Lajeado

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Enfim, um novo lar

O pátio de casa é onde Alexandre Severo, 49, transforma pneus em vasos de flor. Ele é um dos moradores das habitações que ficam na divisa entre os bairros Jardim do Cedro e Santo Antônio. É lá que moram os chamados papeleiros, que há dois anos foram retirados das margens da ERS-130, onde moravam em barracos na beira da estrada desde o fim da década de 1990.

Severo vivia lá e hoje divide a casa de madeira com dois quartos, sala e cozinha com a filha de dez anos. A nova habitação é bem equipada e a televisão no centro do cômodo costuma ficar ligada, principalmente em dias de chuva, quando Severo não trabalha ao ar livre. “Aqui é brabo o barro em dia de chuva. Deveria ter brita, iria melhorar o caminho”, avalia.

Apesar disso, gosta de morar lá. A filha frequenta a escola do bairro e Severo sai com a carroça para buscar sucata. A renda vem da venda dos vasos de flor. Além dos pneus, também recolhe outros materiais que deposita no galpão também construído pelo município para a triagem dos materiais.

Vida na reciclagem

Mas nem todos utilizam aquele espaço. O casal Simone Vieira Farias, 47, e Alcione Fernando dos Santos construíram o próprio galpão, que dividem com vizinhos. Alcione recolhe a sucata com o “caminhão 608”, de 1986, no interior. Em casa, é Simone quem faz a triagem e separa os materiais.

Na habitação também mora a mãe de Alcione e, algumas casas acima, o irmão, que antes vivia nos barracos da ERS-130. Hoje, a família “vive bem”. A sala é integrada à cozinha e possui televisão, fogão e geladeira que eles compraram em prestações.

Depois de um ano e meio morando nas habitações, Simone acredita que o espaço deixou de ser assistido pelo município e gostaria de ter um registro de residência. Além disso, ela sente falta de uma prensa para auxiliar no processo da triagem dos materiais. “Sumiram com a prensa que havia no galpão. Pedimos uma nova há dois meses, estamos aguardando”.

Benefícios assistenciais

A assistente social da Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Lajeado, Céci Maria Rodrigues Gerlach, garante que a vila dos papeleiro recebe atendimento por meio do CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) para concessão de benefícios assistenciais como a transferência de renda – Bolsa Família e cestas básicas. As famílias são inscritas no Cadastro Único e recebem atendimento para as demandas habitacionais de 11 moradias.

A assistente social explica que ainda existem outros pontos irregulares no município, também conhecidos como “áreas invadidas”. De acordo com levantamento da pasta de Habitação no segundo semestre de 2020, havia aproximadamente 120 famílias em ocupações irregulares no município.

De olho nas habitações

O promotor de Justiça Sérgio Diefenbach foi o mediador das tratativas entre o governo municipal e os papeleiros durante a mudança há dois anos. A avaliação dele é positiva.

“A primeira evolução é a própria existência de habitação. Antes eles não tinham cômodos, móveis, energia elétrica ou água. Além do galpão onde podem trabalhar”, ressalta.

Apesar disso, entende que falta organização no espaço devido à rotatividade de famílias. Hoje elas dividem 10 casas feitas pelo município e uma pelos próprios moradores. O Ministério Público não fiscaliza as habitações, mas permanece acompanhando o movimento das famílias.

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