O município conhecido como “Pesqueiro do Vale” tenta preservar as histórias centenárias da época em que as edificações se concentravam nas margens do Rio Taquari. Em uma parceria com o curso de Arquitetura da Univates, o governo de Bom Retiro do Sul pretende restaurar prédios antigos e criar novas atrações no bairro Cidade Baixa.
A requalificação urbana e rural ocorre após edificações históricas serem demolidas ou cederem pela ação do tempo. “Me dá uma dor no coração quando vejo esses prédios indo ao chão. Metade do que tínhamos no passado já não existe mais”, lamenta o assessor de Gestão Pública e Governança, Carlos Dullius.
O convênio entre governo e Univates iniciará neste mês com duas frentes de trabalho. A primeira delas será realizada com cerca de 30 graduandos da Arquitetura nas disciplinas de Planejamento Urbano e Requalificação Urbana.
Orientados pelos professores Augusto Alves e Marcelo Heck, os universitários realizarão estudos da mobilidade urbana, mapa dos prédios com valor histórico e ações de viabilidade econômica para custear a preservação.
Um concurso está previsto para premiar as melhores ideias desenvolvidas à Cidade Baixa. O projeto também contemplará um aluno com bolsa de iniciação científica.
Outra ação do convênio será desenvolvida pelo projeto de extensão Patrimônio Vivo, sob coordenação de Jauri dos Santos Sá. Ideia é produzir uma cartilha com informações sobre os prédios antigos. O material será levado para as escolas com intuito de difundir aos jovens a mentalidade de preservação da história.
Prisão e senzala
Mapeamento inicial feito pelo governo aponta que há cerca de 30 prédios históricos com potencial para serem restaurados. Uma das casas está localizada na Rua Senador Pinheiro Machado e já foi hospital, fábrica de chocolates e até delegacia com cadeia no porão.
O projeto também pretende restaurar as ruínas da antiga Fazenda Pedreira, propriedade localizada às margens da ERS-129 que serviu como porto e senzala em séculos passados.
A maioria dos prédios são privados, ressalta Dullius. Conforme ele, o governo pretende adquirir edificações ou criar incentivos como redução de impostos para que proprietários realizem a preservação.
Nas margens da ERS-129, propriedade rural tem ruínas de uma antiga senzala que funcionava na Fazenda Pedreira (Foto: Fábio Kuhn)
Primeira igreja católica construída em Bom Retiro do Sul. Atualmente, está localizada ao lado da Corsan (Foto: Fábio Kuhn)
Casa amarela situada no centro já foi hospital, fábrica de chocolates e até delegacia com cadeia no porão (Foto: Fábio Kuhn)
Reconectar o antigo centro
Dullius também ressalta o interesse de criar alternativas turísticas para que o centro histórico seja mais visitado. Entre os planos está reformular a orla do Rio Taquari e construir até um belvedere nas proximidades da Prefeitura.
“Queremos ligar novamente a Cidade Baixa do centro da cidade. Hoje, quase todos os estabelecimentos comerciais estão na parte de cima”, ressalta o assessor.
Coordenadora do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Emau) da Univates, Jamile Weizenmann reforça que a requalificação urbana servirá para conectar os bairros. “A cidade ficará mais dinâmica e isso vaio dar vitalidade para essa área histórica”, afirma.
A cidade ficará mais dinâmica e isso vai dar vitalidade para essa área histórica
Na avaliação de Jamile, outras cidades da região também despertam para a importância de preservar os centros antigos transformando-as em pontos de inovação ou preservação cultural.
