Líderes exigem revisão em projeto

Impasse na duplicação

Líderes exigem revisão em projeto

Maiores críticas estão no trevo principal de acesso a Marques de Souza e na escassez de retornos na rodovia. Prefeito reclama de falta de diálogo e concessionária rebate. Comissão vai a Brasília e não descarta a realização de protestos

Líderes exigem revisão em projeto
Atualmente, veículos conseguem fazer o retorno sem realizar maiores voltas na rodovia (Foto: Mateus Souza)
Vale do Taquari

Após anos de espera, a duplicação da BR-386 está prevista para iniciar em dez dias. As obras começam por Marques de Souza. E é exatamente neste município que surge insatisfação com pontos do projeto elaborado pela CCR ViaSul, concessionária da rodovia. Os gargalos apontados estão principalmente no perímetro urbano da via.

Uma comissão foi criada, reunindo lideranças políticas e empresariais de Marques de Souza, visando buscar uma solução para as demandas da comunidade. O grupo busca uma audiência em Brasília com a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), intermediada pelo senador Luis Carlos Heinze (PP).

Nos primeiros quilômetros a serem duplicados, conforme o prefeito Fábio Mertz, há diversos pontos de divergência, como a escassez de retornos nas proximidades do município e próximo à divisa com Forquetinha. Isso, segundo ele, gera problemas também para quem vem de Travesseiro, sobretudo os caminhões pesados que saem em direção a Lajeado.

“Já é complicado o trânsito ali, de quem vem de Travesseiro. Com a duplicação, vai afunilar ainda mais, pois não vai haver espaço para os caminhões pesados manobrarem. Vão ter que sair na BR e logo depois tem a ponte e acaba a duplicação. Terão que fazer o retorno mais adiante, em lugares mais perigosos”, comenta.O

prefeito de Travesseiro, Gilmar Southier, tomou par da situação quando esteve reunido com Mertz na última semana, e também reconhece o problema, já que se trata do único acesso asfáltico ao município. “Sem dúvidas, vamos nos envolver, pois para nós, da maneira que foi projetado, é bastante prejudicial. Todo o escoamento da nossa produção é por ali”, afirma.

Prefeito de Marques de Souza observa como ficará a duplicação da via. Comissão quer modificações no projeto (Foto: Mateus Souza)

Rótula prolongada

A reportagem teve acesso ontem a um mapa da duplicação da BR-386, por meio do aplicativo Google Earth. No material, disponibilizado pela CCR ViaSul às autoridades, foi possível identificar os pontos da duplicação que desagradam as lideranças do município.

O engenheiro civil Samir Marcos Battisti auxilia o governo municipal, apontando soluções que serão levadas à Brasília. Uma delas é a construção de uma rótula prolongada no trevo principal de acesso a Marques de Souza. “Seria semelhante ao existente hoje em Venâncio Aires, na RSC-287”, compara.

Além disso, defendem que sejam feitos pelo menos dois retornos na área que será duplicada no município. “Vão fechar acessos e deixar algumas comunidades praticamente isoladas. Fazenda Vilanova, por exemplo, tem vários retornos. Nós vamos ter só um em 12 quilômetros.

Duplicação prevê mudanças no trevo. Quem vem de Travesseiro (estrada de cima) não poderá fazer o retorno no trecho duplicado (Foto: Mateus Souza)

Judicialização

A comissão montada em Marques de Souza é mista: reúne prefeito, vereadores, empresários, lindeiros e também da área jurídica. Segundo Mertz, o objetivo foi juntar forças para pleitear melhorias no projeto da duplicação.

Na ANTT, eles pretendem expor os “equívocos” do projeto da CCR e pedirão que ele seja revisto. O grupo também foi ao Ministério Público, se reunindo com o promotor de Justiça, Carlos Augusto Fiorioli. “Primeiro vamos usar a diplomacia. Mas se tudo isso não surtir efeito, a mobilização é importante”, comenta, admitindo a realização de protestos na rodovia.

Ontem, em entrevista à Rádio A Hora, Fiorioli diz entender a preocupação, mas acredita que levar o caso à Justiça não seja o caminho ideal. “É justo na perspectiva deles, pois reclamam que não foram ouvidos na época. Se o projeto não compreende e isola toda a rede escolar de creches e de fluxo para as escolas, temos um problema. Não vejo a judicialização uma boa estratégia. Creio que a aproximação e a comunicação entre as partes é a melhor saída”, afirma.

Em Lajeado

Houve contestações ao projeto também em Lajeado. As reclamações partem principalmente de moradores dos bairros Olarias e Centenário, já que, no trecho que vai da ERS-130 até a PRF, estão previstos dois viadutos. Porém, ambos são de mão única.

Ex-vereador, o empresário Sérgio Rambo e o vereador e presidente do Legislativo, Isidoro Fornari Neto (PP) defenderam a colocação de viadutos de mão dupla. “Lajeado vai virar a capital dos viadutos de mão única”, afirmou Rambo, nos microfones da Rádio A Hora. Já Fornari afirmou que, se não houver êxito nas conversas com a CCR, será feito contato com a ANTT.

Contraponto da CRR

Procurada, a CCR ViaSul rebate as declarações de que não houve diálogo com a comunidade. Em nota encaminhada à reportagem, cita que, na mais recente reunião com lideranças, em janeiro deste ano, foi apresentado o projeto executivo da duplicação e não houve contestações.

“Todo o projeto de duplicação elaborados atendem às exigências do Programa de Exploração da Rodovia e ao que determina o Contrato de Concessão da rodovia. Além da duplicação a CCR ViaSul irá construir 13 quilômetros de vias marginais, dois retornos em nível, seis adequações de acesso, quatro passarelas de pedestres, seis novas pontes, seis alargamentos de pontes existentes, duas passagens inferiores e duas superiores”, cita um trecho da nota.

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