A dez dias de iniciar a tão esperada duplicação da BR-386, um impasse robusto se instaura sobre o projeto da ANTT. Pelos planos da concessionária responsável, a primeira etapa da duplicação da rodovia começa em 15 de fevereiro. No entanto, alguns aspectos desagradam gestores locais, o que começa a ganhar proporções cada vez maiores.
O principal imbróglio diz respeito ao trevo que dá acesso aos municípios de Marques de Souza e Travesseiro. Pelo projeto, na avaliação dos prefeitos, o tráfego direto entre as duas cidades ficará comprometido, implicando em transtornos a moradores, escoamento da produção e transporte escolar. O fluxo entre as duas localidades é intenso e seria prejudicado pelo aumento da distância.
Insatisfeitos com uma suposta “falta de diálogo”, líderes regionais criaram uma comissão, já acionaram o Ministério Público e buscam agenda com o comando da ANTT e da CCR para tentar alterar pontualmente o que está previsto para o trecho. O grupo quer envolver um senador da República para mediar as tratativas.
Se não obtiverem êxito na busca por uma readequação no projeto, a comissão não descarta a possibilidade de protestos e, inclusive, o bloqueio da rodovia, o que poderia trazer consequências graves para a mobilidade regional.
O fato é que, após longos anos de mobilização pela duplicação integral de uma das principais estradas federais do estado, um enrosco jurídico pode atravancar o cronograma das obras. Em entrevista à Rádio A Hora 102.9 nesta semana, o promotor que acompanha o caso foi claro em afirmar que a melhor saída é o diálogo e a busca pelo entendimento, e não a judicialização do tema.
Os questionamentos dos líderes regionais são legítimos e precisam ser considerados. Pelo menos um movimento de análise e esforço para tentar amenizar as preocupações das comunidades locais seria válido. Até mesmo a possibilidade de alguma mudança pontual no plano original poderia ser avaliada.
No entanto, é preciso ter certeza de que a duplicação da BR-386 representa um avanço imensurável, não apenas para a qualificação da infraestrutura logística estadual, mas para a preservação de vidas. Que a parcimônia, o equilíbrio e, sobretudo, a disposição ao entendimento balizem as tratativas em torno deste embate, para que se alcance um bom desfecho a todas as partes.