Calor e pancadas de chuva. Clima favorável para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika. O avanço no número de focos alerta as equipes epidemiológicas. O próprio Estado adverte para a chance de uma epidemia dessas doenças no verão.
Pesquisa feita a cada três meses estima o nível de infestação nos municípios. É o Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa). O último foi no início de dezembro. “Na época encontramos 25 focos do mosquito. Mas esse é um levantamento amostral. Não significa que o município tenha apenas esse número. Foram realizadas visitas em 2066 imóveis sorteados”, explica a bióloga e coordenadora da Vigilância Ambiental de Lajeado, Catiana Lanius.
Deste total de focos encontrados, foram oito no Santo Antônio, seis no Planalto, três no Campestre, dois no Conservas e um no Montanha, Moinhos d’Água, Centenário, Morro 25, Americano e Olarias.
O próximo LIRAa deve acontecer entre fevereiro e março, mas ainda não tem data exata. Segundo a Secretaria da Saúde, tendência é registrar mais focos do que foi apurado no índice de dezembro do ano passado.
Vistorias de rotina
Além do LIRAa, agentes de endemias visitam residências do município. Em Lajeado, as ações são direcionadas para os bairros com maior nível de infestação. “Como temos apenas cinco profissionais nesse serviço, adotamos alguns critérios. Estamos finalizando o bairro Santo Antônio e na próxima semana já devemos iniciar o bairro Planalto”, explica a coordenadora.
Nestas vistorias, os agentes verificam possíveis focos do mosquito vetor da dengue. Se encontrado, uma amostra é levada para análise. “Nossas equipes também realizam ações de educação. Ou seja, conscientizar os moradores sobre os cuidados necessários. Com dicas simples, cada um faz a sua parte no combate à doença”, comenta.
Como denunciar
Em caso de suspeita de algum local com foco de larvas do mosquito, o morador pode entrar em contato com a Vigilância Ambiental. Agentes de endemias se deslocam para o local e verificam a denúncia.
“A primeira orientação é eliminar o foco. Isso é feito tirando a água acumulada, para quebrar o ciclo de vida da larva. O morador pode chamar nossa equipe, que o quanto antes fazemos uma vistoria em toda a residência. Mas o mais importante é cuidar para o local não voltar a acumular água”, diz a coordenadora.
“Basta uma tampinha de garrafa pet”
Depósito com pouca quantidade de água e localizado em áreas sombreadas, sem acesso direto à luz do sol.
Esse é o local preferido para o desenvolvimento das larvas do vetor. Cuidados para evitar a proliferação do mosquito devem ser tomados durante o ano todo e intensificados no verão, devido às condições climáticas.
“O Aedes aegypti não precisa de muita água para se desenvolver. Uma tampinha de garrafa pet já é o suficiente. O ovo do mosquito pode sobreviver por mais de um ano sem ter contato com a água. Mas quando isso acontece, cerca de cinco dias são o suficiente para ele se tornar adulto e picar uma pessoa”, comenta Catiana.
Características do mosquito vetor
O Aedes aegypti é urbano e doméstico. Vive dentro e ao redor das residências, onde está localizado seu alimento: o sangue humano. Caso o morador encontre o vetor, a tendência é que o mesmo tenha nascido próximo à residência.
“Outra informação importante é que o mosquito não nasce contaminado. Ele precisa picar uma pessoa que tenha o vírus para então transmitir para uma próxima pessoa que vai picar”, esclarece a bióloga.
Aporte financeiro
A câmara de vereadores de Lajeado aprovou nessa terça-feira a destinação de aporte financeiro para a área da saúde.
Foi autorizada a contratação de dez agentes epidemiológicos, em caso de surto da dengue. “Precisamos chamar a atenção da comunidade para as ações de prevenção. Mas se o alerta de epidemia se confirmar, já está tudo organizado para a contratação desses profissionais.
Estamos nos prevenindo. A ideia seria eles atuarem no combate ao mosquito e educação dos moradores, eliminando focos e dando dicas”, explica a coordenadora da Vigilância Ambiental.
SINTOMAS DA DOENÇA
• Febre alta súbita
• Dor no corpo, nas
articulações e na cabeça
• Náuseas e vômitos
• Pode haver manchas vermelhas no corpo e coceira
DICAS PARA COMBATER
• Calha: remover folhas e outros materiais que possam impedir o escoamento adequado da água.
• Caixas d’água, tonéis ou recipientes para armazenamento de água da chuva: manter tampados sem frestas ou colocar tela milimétrica para cobrir, lavar o interior com escova e sabão.
• Banheiros externos e áreas sem uso: manter vasos sanitários tampados e colocar tela milimétrica nos ralos.
• Lonas: devem estar bem esticadas para não acumular água. Caso for cobrir a piscina, colocar uma bola de vinil embaixo da lona, no centro, para facilitar o escoamento da água.
• Plantas aquáticas: trocar a água dos vasos e lavar com escova, água e sabão uma vez por semana
• Materiais, latas, embalagens plásticas, vidros, garrafas, etc.: descartar no lixo ou secar e armazenar em local aberto.
• Piscinas fixas e plásticas pequenas: devem ser limpas/ esvaziadas uma vez por semana e tratadas sempre com cloro.
• Pneus: manter em local coberto ou fazer furos grandes para escoamento da água, caso os utilize na área externa.