Empreendimentos imobiliários no bairro Carneiros estão com movimentações de terra suspensa devido a inquérito instaurado pelo Ministério Público (MP). A investigação parte de uma preocupação dos moradores do local quanto ao escoamento do Rio Taquari.
Em reunião no auditório do MP, nessa terça-feira, 26, a administração municipal se comprometeu a fazer estudos hidrológicos, considerando as possibilidades de interferência ao acúmulo hídrico no local. A empresa DNW garante que o condomínio em construção não impacta o ambiente e deseja a continuidade das obras antes da finalização da pesquisa.
“A gente acredita que o condomínio possa ser feito com baixo impacto. Nós estamos prevendo residências unifamiliares. Não serão prédios, não aumentará a densidade populacional. Mas queremos mostrar o rio para a comunidade”, afirma o empreendedor Leandro Wendt.
A empresa assegura que na compra do terreno, há quase seis anos, a mata ciliar da área já havia sido suprimida e há a previsão de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), aprovado pela Secretaria do Meio Ambiente de Lajeado.
Conforme a construtora, o processo foi acompanhado por engenheiros florestais . Uma contenção de pedras foi construída para impedir o assoreamento da terra. “O que a gente gostaria é uma divisão. Que seja mantido o trabalho de quem está fazendo com coerência e apoio técnico. Que todo mundo não seja colocado no mesmo balaio”, acrescenta Wendt.
Espaço de permeabilidade
O excesso de edificações é um dos motivos que explica os alagamentos. No centro, por exemplo, o espaço de escoamento da água é pequeno. No Plano Diretor, aprovado no segundo semestre de 2020, se definiu regras de loteamento em Carneiros.
O lote mínimo na localidade é de 800 metros quadrados com apenas uma casa construída por terreno. A área é 440 metros quadrados mais extensa do que o lote urbano médio. “A gente está dentro dessas características técnicas. Serão entre 30 e 40 lotes para uma única casa. É uma baixa densidade real”, afirma o arquiteto Marcos Nesello.
Conforme o arquiteto, as edificações são erguidas em uma área que seria atingida pelo Rio Taquari caso ele alcance a cota de 29 metros, mesmo no centro da cidade, onde a cota é de 27 metros para construções. “Trabalhar no limite sempre aumenta o risco, nós trabalhamos com margem de segurança”, garante.
Vias de acesso
Uma das determinações do MP é que não se ergam estradas sem um plano de escoamento. Nos projetos deve haver a previsão de pontes e galerias.
“Eu sou um arquiteto e urbanista. Meu trabalho é o contexto das edificações com as cidades. O plano tem que ser para 40 anos. Não teremos problema nenhum em ceder alguns metros da nossa área, caso haja necessidade de alargamento da pista”, prevê Nesello.
Para ele, o empreendimento da DNW deve servir de padrão à expansão urbana que venha a entrar nesta área de Carneiros. “Do jeito que a gente está fazendo, vai ser uma referência. Seria bacana que seja o primeiro aprovado naquele lugar para ter uma parâmetro para uma série de cuidados”