Sinara Silveira, 34, e Nicole Rodrigues, 22, estão entre as profissionais contratadas pela empresa YC Serviços LTDA sem pagamentos. Elas iniciaram o trabalho nas escolas estaduais no dia 11 de dezembro, com contrato de seis meses.
A YC Serviços foi terceirizada pelo Estado para executar o serviço de limpeza dos educandários. Conforme a 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Estrela, foram abertos 36 postos de trabalho na região. Desses, 27 estavam ocupados em dezembro.
Entretanto, segundo as profissionais contratadas, no dia previsto para o primeiro salário (8 de janeiro), a empresa alegou que haviam pendências que impossibilitariam o pagamento. “Primeiro falaram que os dados do banco estavam errados. Depois, que o Estado não havia repassado recursos”, diz Sinara.
A orientação foi que as profissionais suspendessem os serviços, comentam. Sinara e Nicole seguiram trabalhando nas escolas até o dia 14, quando desistiram da atividade pela falta de resposta da empresa sobre as remunerações.
Sinara chegou a receber 40% do primeiro salário, valor insuficiente para arcar com as despesas do mês. “Não sei como vou pagar minhas contas. Já pedi o fim do contrato, pois não quero trabalhar sem receber”, reclama.
Mãe solteira e com duas filhas, a situação de Nicole é ainda pior, pois alega não ter recebido nada. “Aluguei um apartamento e já estou devendo o primeiro mês. Se não tivesse um emprego à noite, não sei o que faria”, lamenta.
Além da falta de pagamento, as profissionais reclamam da inexistência de equipamentos de proteção individual (EPIs) e falta de repasse do vale-alimentação.
Em conversa com mais pessoas que aguardam pagamento, as profissionais estudam a possibilidade de uma ação conjunta para cobrar os salários atrasados.
Na sexta-feira, 22 de janeiro, o último monitoramento da 3ª CRE de Estrela apontava que apenas seis profissionais dos 27 contratados seguiam atuando na limpeza das escolas estaduais.
Contraponto
Questionada sobre o imbróglio entre funcionários e empresa terceirizada, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) ressaltou que “aguarda a entrega e análise de documentação da empresa, bem como o registro de atividades, para quitar os valores pendentes do mês passado (dezembro)”.
A Seduc informou ainda que, conforme lei, a empresa deve aguardar prazo de até 30 dias após a entrega dos documentos de cobrança para receber os valores. Segundo a Seduc, os contratos terceirizados de serventes de limpeza e merendeiras representam um valor mensal de R$ 6 milhões em todo o RS.
A redação do Grupo A Hora tentou contato telefônico com a empresa YC Soluções em diversos momentos de ontem, 26, sem sucesso.