Futuro do porto depende de parceria público-privada

Modais de transporte

Futuro do porto depende de parceria público-privada

Autoridades políticas e empresários articulam estratégias para tornar complexo de Estrela um entreposto de produtos, com oferta de transporte de cargas pelo Rio Taquari

Futuro do porto depende de parceria público-privada
(Foto: Fábio Kuhn)
Vale do Taquari

Uma estrutura que une rodovia, ferrovia e hidrovia. Ponto estratégico para o desenvolvimento econômico regional e até do Estado, mas ociosa. Nenhuma embarcação deixa Estrela em direção aos portos da Capital e de Rio Grande faz pelo menos sete anos.

O mesmo ocorre pelas locomotivas. Nem mesmo as cargas de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), antes trazidas pelos trilhos. Agora, só pelos caminhões para chegar até os silos do porto de Estrela.

Todo um potencial parado. Enquanto isso, empresas contabilizam os custos frente a grande dependência da logística rodoviária. Estimativas apontam que de toda a produção nacional, a despesa com o transporte chega a 21%. A título de comparação, nos Estados Unidos, esse custo é de 7%.

Diante desse contexto, empresários e agentes públicos do Vale do Taquari procuram destravar o complexo portuário de Estrela para se ter uma alternativa logística. Em um primeiro momento, a estratégia é garantir o uso da ferrovia aliada ao transporte com caminhões.

Esses assuntos foram tratados em reunião na manhã de terça-feira, 27. Além de líderes de entidades de classe, como o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Ivandro Rosa, também participaram os prefeitos de Estrela, Elmar Schneider, e de Lajeado, Marcelo Caumo, o presidente da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), João Fischer, do deputado estadual, Gabriel Souza (MDB), do senador Luis Carlos Heinze, além de empresários e de representantes do Porto de Rio Grande.

Novo modelo para o porto

O complexo portuário foi municipalizado após oito anos de trâmite burocrático. Com o processo confirmado, o governo de Estrela a região busca estabelecer uma forma de usar a ferrovia e a hidrovia.

Conforme o senador Heinze, a administração municipal não tem condições de explorar o espaço sozinha, mas a iniciativa privada sim. “Conseguimos um recurso de R$ 5 milhões que está sendo utilizado para realizar um estudo de quatro eclusas – Bom Retiro do Sul, Rio Pardo, General Câmara e Cachoeira do Sul. Com essas eclusas funcionando, esses dois ramais do Rio Taquari e Jacuí poderão voltar a funcionar”, afirma.

Segundo o senador, é necessária participação do setor produtivo para retomar o transporte de cargas pelo Rio Taquari. “Vamos buscar parcerias que possam explorar o complexo de Estrela.”

A CIC-VT iniciou ainda no ano passado um diagnóstico sobre a necessidade de transporte de cargas. Primeiro com informações da própria região, para depois também acrescentar dados sobre empresas do Vale do Rio Pardo e da Serra.

Para se ter um modelo de negócios para o porto, o governo de Estrela analisa qual formato para cedência da estrutura. Após a definição, a ideia é buscar companhias especializadas em logística, para apresentar um plano de negócios para o porto de Estrela e, assim, dar início a um processo de concessão do complexo. A definição deste modelo deve ser apresentada em fevereiro.

Frequência de cargas

Representantes do Porto de Rio Grande destacam que para haver funcionamento periódico no transporte fluvial, é preciso frequência de embarcações. Especialista em logística por hidrovia, Eduardo Krause, ressalta que, sem esse movimento constante, é pouco provável retomar o transporte pelo Rio Taquari.

Para o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa, a estratégia mais viável seria destravar o uso da hidrovia juntamente com investimentos na ferrovia. “Para nós, no momento o uso de locomotivas para o transporte de cargas é o mais necessário.”

De acordo com ele, pelo fato de as embarcações não terem um cronograma fixo de carregamento e entrega, poucas empresas teriam interesse neste modelo. “Nossas empresas só terão ganhos de competitividade se a operação vier com ferrovias, hidrovia e rodovia.”

Futuro presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual, Gabriel Souza, destaca o plano Cresce RS. Pelo programa, estão incluídos projetos estruturantes para o estado. “Vamos incluir o `Porto de Estrela como uma das prioridades”, garantiu.

O presidente da Cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, ressalta que é necessário comprar milho em outras localidades pela insuficiência da produção do Vale. Pelos cálculos dele, a Languiru recebe cerca de 400 mil sacas do grão. Se esse transporte fosse pela ferrovia, haveria economia de pelo menos R$ 800 mil por mês.

“Ter esses modais disponíveis seria um avanço não só para o Vale do Taquari. Teríamos condições de racionalizar o uso dos caminhões no transporte de insumos para a produção primária”, afirma Bayer.

O caminho de parte dos insumos trazidos pela Languiru começa no centro-oeste. O milho comprado é carregado por trens até a região de Maringá, no Paraná. Depois disso, embarcado em caminhões e trazido para a região. O custo dessa operação fica em torno dos 5% do faturamento da cooperativa, algo próximo de R$ 1,8 bilhão ao ano.

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