Moradores do bairro Carneiros procuraram o Ministério Público (MP) expondo temor de que movimentações de terra e terraplanagens realizadas na área possam, em caso de cheias, interferir o escoamento da água do Rio Taquari. Com isso, o MP instaurou inquérito e solicitou que se interrompessem as obras realizadas na localidade.
O impasse foi ontem tema de reunião, na sede do MP de Lajeado. O encontro presidido pelo promotor Sérgio Diefenbach contou com a presença de moradores, empreendedores dos ramos imobiliário e construção civil, a presidente da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam), Marjorie Kauffmann (por videoconferência) o secretário do Meio Ambiente, Luis Bennoit, o do Planejamento, Giancarlo Bervian, e o prefeito Marcelo Caumo.
Após o encontro, acordou-se que o promotor Diefenbach esboçará uma minuta para que o município se comprometa com o MP a realizar um estudo hidrográfico amplo na região. A pesquisa deve ultrapassar os limites do bairro Carneiros, e identificar também outros pontos, inclusive em outros municípios, que possam influir em um eventual alagamento da área.
Além disso, não poderá ser feita nenhuma estrada ou via de acesso sem um plano de escoamento d’água. Para isso deverão ser construídas galerias e pontes, cujo a necessidade será levantada pela pesquisa a ser realizada.
“Trocar o pneu com o carro andando”
Para a presidente da Fepam, Marjorie Kauffmann, o processo de proteção da área ambiental do bairro Carneiros foi fiscalizado depois do início das movimentações de território. “Nós vamos trocar o pneu com o carro andando”, exemplificou.
Esse é um argumento utilizado por Diefenbach para frear as construções dos empreendimentos que aconteciam na localidade. Para ele, no entanto, as possíveis perdas ecológicas e danos à qualidade de vida dos moradores da área só podem ser observadas por meio de estudos técnicos.
“Eu preciso saber se elevar a construção não vai criar um problema para o vizinho. Em outra época, eu pensei até em suspender todos os loteamentos de Lajeado. Precisamos de estudos hidrológicos. É uma questão de precaução”, declarou o promotor ao comparar com um Plano de Prevenção de Incêndio antes da expedição de alvará de um estabelecimento.