Nos primeiros 26 dias de 2021, Cruzeiro do Sul contabiliza o mesmo número de mortes de todo o ano passado. Tudo por conta do triplo homicídio ocorrido neste domingo, durante festa clandestina no bairro Vila Zwirtes.
Os jovens Giovane Rafael Alves Saraiva, 20, Júnior Alexandre Correia, 27, e Jennifer Kelly Marques Pereira, 23, foram mortos a tiros durante uma festa clandestina. Outras duas pessoas ficaram feridas no tiroteio.
Sobre a investigação, a Polícia Civil avalia diversas hipóteses, que vão de crime passional, desentendimento durante a festa, até relação com o tráfico de drogas.
Conforme o delegado Humberto Messa Roehrig, a investigação está no início e ainda não há suspeitos de quem cometeu o crime.
“Trabalhamos com diversas linhas, por isso, todos estão sendo ouvidos como testemunhas do caso, principalmente os frequentadores do local”, realça. A PC ainda busca quem promoveu a festa e também os proprietários do salão.
Constantes aglomerações
A Brigada Militar (BM) foi chamada na madrugada de domingo por populares que ouviram os tiros. Ao chegar, a guarnição encontrou apenas os corpos dos jovens, dois veículos no pátio, copos e garrafas de bebida espalhadas pelo salão e uma munição intacta perto do bar. As cápsulas deflagradas contra as vítimas e os demais frequentadores do evento não estavam mais no espaço.
Fiscais do município afirmam que desconheciam o evento daquela noite. No entanto, em pelo menos quatro oportunidades a Brigada Militar encerrou com festas no local.
Naquela noite, nem policiais e nem fiscais da administração foram notificados sobre o evento.
Conforme o Secretário de Administração Municipal, Volmir Dullius, há fiscais nos fins de semana que ficam sob aviso para possíveis denúncias de aglomerações ou festas.
“A nossa atuação é em conjunto com a BM, e naquela madrugada não recebemos nada”, alega. O secretário destaca que a fiscalização do município não tem condições de finalizar aglomerações sem apoio da polícia.
De acordo com ele, o caso é muito específico, pois trata-se de uma propriedade particular sem licença ou alvará que autorize a realização de festas.
No dia 18 de dezembro de 2020, os fiscais da prefeitura e a BM interromperam uma festa no mesmo local. “Naquele dia iniciamos a busca pelo proprietário. Ninguém quer ser o dono do espaço para ser responsabilizado”, diz.
Sem rastros de cápsulas
Segundo o delegado Roehrig, não foram encontradas cápsulas de munição no local do crime. A PC ainda aguarda laudos para identificação de armas utilizadas. “Houve demora entre o crime e a chegada de autoridades policiais. Como tinham muitas pessoas no ambiente, não se descarta que as pessoas possam ter recolhido as cápsulas ou munições do chão do salão”, relata.
Sem licença
Conforme o delegado, a pandemia exige certo comprometimento das pessoas em não frequentarem eventos clandestinos. “A gente vive um momento complicado e, além disso, o local onde a festa foi promovida não possuía alvará de funcionamento, pois se trata de uma propriedade particular sem licença para festas. É um crime grave para uma cidade pacata como Cruzeiro do Sul, mas não se deve criar alarde para ocorrências semelhantes”, frisa o delegado.
Feridas no tiroteio
Duas jovens, uma de 16 e outra de 26 anos, ficaram feridas após o tiroteio. Elas foram baleadas, uma com um tiro no joelho e outra no ombro.
A jovem de 26 anos baleada no ombro passou por cirurgia para retirada do projétil, que estava alojado em um dos seios. Ela tem antecedentes criminais e suspeita-se que tenha vínculo com o tráfico de drogas. A jovem atendida na UPA já recebeu alta.
Crime sem solução
Em julho do ano passado, três mortos foram encontrados após um incêndio em linha São Miguel, interior de Cruzeiro do Sul.
As vítimas foram identificadas como Sinésio Ghillardi, 29, que era o caseiro da propriedade, e o casal Mirela da Silva e Leandro Arruda, que moravam no galpão poucos dias antes do crime. Este é um dos crimes ainda sem solução no município. Conforme o delegado, o acontecimento ainda segue em investigação. “Até o momento já foram realizadas diversas diligências, com muitas pessoas sendo ouvidas, mas ainda está em andamento na delegacia”, revela.