Como surgiu seu envolvimento com o ambientalismo?
A questão ambiental está relacionada com a ligação que sempre tive com a natureza. O ambientalismo surgiu a partir disso, vendo a necessidade de haver conscientização e ações em relação ao meio ambiente. Saí pequeno do interior, fui morar na cidade, mas acabei voltando depois de adulto. Hoje moro em Teutônia.
Quando começou a utilizar as armadilhas fotográficas?
Tenho usado desde 2011 essa metodologia para fazer amostragem de fauna na região do Vale do Taquari. Isso partiu da curiosidade. Tendo mais convívio em regiões preservadas, com cobertura de mata, acaba eventualmente avistando espécies mais raras. Conforme fui tendo esses encontros principalmente com felinos silvestres de pequeno porte, desenvolvi uma curiosidade para fazer registro fotográfico. A armadilha fotográfica é uma câmera acionada por sensor de movimento que fotografa e faz vídeo. Meu foco é Teutônia, mas já fiz registros por toda a região.
Que tipo de animais costuma buscar com suas armadilhas?
Meu foco é nos felinos silvestres. Na região do Vale, ocorrem basicamente três espécies: gato-maracajá, gato-do-mato-pequeno-do-sul e gato-mourisco, conhecido jaguarundi.
Qual animal mais raro que localizou?
Em termos de mamíferos, fiz dois registros de espécies bem raras: Gato-do-mato-pequeno-do-sul-melânico, que é preto, e outra, bastante rara, o veado anão, que foi registro único no Vale do Taquari, em 2014.
O que te atrai a seguir fazendo registros?
Sempre existe a esperança de você flagrar uma espécie nova. Isso nunca é descartado. Pode ter espécies a 40 km de distância, mas elas vão se reproduzindo e dispersando para outros lugares, onde tenham alimento e segurança. E outra questão é conhecer os comportamentos dos animais. Sempre que se faz uma amostragem de 30, 45 dias, geralmente se descobre algum comportamento novo. A preservação do animal na natureza depende de conhecimento sobre espécie. Quanto mais se conhece, mais sucesso na preservação.
Você faz as armadilhas profissionalmente?
O trabalho é todo voluntário. Existe um projeto de tornar esse trabalho profissional e gerador de renda, mas isso é mais para adiante. Tenho colaborado com o Instituto Chico Mendes, com registros nos planos de preservação de felinos no Brasil. Em 2018, participei de reportagem sobre o gato-maracajá, em Teutônia, com a emissora TBS, do Japão. Tenho colaborado com amostragem de fauna para uma unidade de conservação, que está sendo criada em Boqueirão do Leão. Em 2018, ajudei na etapa de uma pesquisa bem ampla com felinos no RS, com pesquisadores da UFRGS e do exterior, Holanda, Dinamarca. Também produzo muito material para educação ambiental.