Alta nos custos e mais demanda por alimentos

Planos das cooperativas

Alta nos custos e mais demanda por alimentos

As cooperativas Dália e Languiru avaliam como 2020 interferiu nas atividades e também as perspectivas para este ano. Alta no preço dos insumos agropecuários reduziu os resultados das vendas e exportações. Novo período de escassez de chuva preocupa nas primeiras semanas de 2021

Alta nos custos e mais demanda por alimentos
As cooperativas da região precisaram investir em adaptações na infraestrutura e sistemas sanitários. Dália e Languiru também contrataram mais funcionários para substituir pessoas do grupo de risco
Vale do Taquari

A influência da pandemia sobre a produção de alimentos exigiu uma revisão dos modelos de trabalho. Se por um lado foi um segmento que não parou nem mesmo no período de mais restrições, por outro, foi obrigado a investir para cumprir os protocolos sanitários.

As duas maiores cooperativas alimentícias do Vale do Taquari, a Dália e a Languiru, avaliam os impactos de 2020 sobre os negócios e quais as perspectivas para este ano. Organizações voltadas ao tripé produtivo de suínos, frangos e leite, primeiro tiveram de adotar novas estratégias, fazer investimentos, para no fim do período contabilizar bons resultados nas vendas e volume de negócios.

Entre as três principais atividades do Vale, a produção de suínos teve o melhor resultado. Exportação para a Ásia elevou rentabilidade, afirmam integrantes das cooperativas Dália e Languiru

De acordo com o presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, o ano passado foi de muitas dificuldades. “Começou com a estiagem, depois a pandemia e, por fim, a maior cheia dos últimos 50 anos.”

Esses fatores, diz, interferiram sobre as operações da cooperativa Dália Alimentos. “Ocasionaram aumento dos custos de produção, gastos extras no controle da pandemia, como os exames relativos aos testes da covid-19, afastamento de funcionários do grupo de risco, trabalho em home-office, além da contratação de cem funcionários extras para atuar no controle da disseminação do vírus.”

O presidente da cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, também realça a necessidade de uma adaptação rápida frente aos desafios de 2020. “Tivemos de mudar hábitos, processos produtivos e até na infraestrutura.”
Entre os investimentos estão melhorias nas unidades de varejo, que passaram a ter pontos de triagem, com aferição da temperatura e aplicação de álcool gel, em todos os colaboradores, associados e clientes.

Aumento de custos e resultados

Em termos de custos, houve um aumento entre 20% a 30% dos insumos para produção desses três setores, conta o presidente Executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas.

Em função da peste suína africana, que aconteceu na Ásia, a demanda internacional por esse tipo de carne trouxe benefício à cooperativa de Encantado, diz Freitas. “Isso permitiu que 2020 se revelasse economicamente positivo, inclusive, superasse o Plano de Metas. Assim, para a suinocultura o ano foi excelente e, para os segmentos leite e frango de corte, foi razoável.”

O segundo desafio, diz o presidente da Languiru, foi o aumento dos preços das commodities milho e soja, o que interferiu muito sobre os custos de produção. Apesar do cenário difícil, a cooperativa de Teutônia superou as metas. “Crescemos mais de 27% em faturamento. Foi um dos melhores resultados econômicos da história.”

Entrevista – Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, presidente executivo da Dália

“Nossa região aparenta fragilidade na produção agroindustrial”

Os custos na logística, a distância dos grandes centros consumidores e a falta de políticas de incentivo para insumos usados na alimentação animal prejudicam as agroindústrias de alimento. É o que afirma Freitas.

Qual a perspectiva da Dália Alimentos para este ano?

Freitas – Para 2021, em termos econômicos, estamos prevendo algumas dificuldades adicionais, em face ao desequilíbrio entre o aumento dos custos de produção e a demanda de mercado, que se reduzirá tanto para a exportação quanto internamente.

Na avaliação do senhor, como o Vale do Taquari pode ser uma força para retomada econômica do Estado e do país? O que precisa acontecer para o Vale aumentar a participação no PIB do RS?

Freitas – Tenho a convicção de que, atualmente, nossa região aparenta fragilidade na produção agroindustrial, pelos seguintes motivos: nosso estado, com destaque para nossa região, é importador de grãos e não tem demanda suficiente para leite e carnes.

Portanto, precisamos comercializar para outras regiões do país. Essa transferência tem um alto custo logístico, quando comparado ao de outros estados da federação.

Também temos serviços ineficientes de telefonia celular e de internet, além de localização geográfica desfavorável em relação aos centros de produção de grãos e consumo de produtos e, por isso, teremos mais dificuldades neste ano.

Diante de tudo isso, precisamos dispor de projetos estaduais de estímulo à produção de cereais, tanto de inverno como de verão, para atender a alimentação animal, como também de redução da carga tributária estadual, pois sem isso, as melhores oportunidades de crescimento da agroindústria se concentram no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Também seria importante disponibilizar corredor ferroviário para transporte de grãos do centro do país ao nosso estado e o reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que nos permitirá acessar os melhores mercados mundiais, dos quais ainda não participamos.


“As expectativas para 2021 são promissoras”

Entrevista – Dirceu Bayer, Presidente da Languiru

Queda de lucratividade no frango e resultado excelente nos suínos. Presidente da cooperativa de Teutônia avalia como 2020 interferiu sobre as três principais atividades de produção alimentícia da região e também avalia os desafios e oportunidades deste ano.

Por setor de atividade. Como foi o ano no leite, para a venda das carnes suínas e de frango?

A diversificação da Languiru permite segurança nos negócios, fazendo com que sempre tenha segmentos que estejam em um bom momento para fortalecer e garantir o resultado do exercício.

O segmento de frango passou um ano com maiores desafios. Experimentou aumento muito grande do custo de produção e menor incremento de preços de venda. Baixa viabilidade de resultado na exportação e produção interna brasileira muito ajustada com a demanda, considerando redução no consumo em função da pandemia. Como exemplo, a parada das aulas presenciais e a redução do consumo da carne nas escolas. Este cenário reduziu a lucratividade no segmento.

O segmento de suínos também experimentou um aumento de custo de produção, porém, o mercado internacional, puxado pela demanda da China, garantiu aumento de preços de venda, gerando excelentes resultados.

O segmento de leite passou 2020 com aumento de custos na captação de leite e o mercado consumidor respondeu de forma positiva nos preços de venda, gerando bons resultados para o setor.

Qual a estimativa da cooperativa para 2021? Onde estão as oportunidades para fortalecimento da economia regional a partir da produção alimentícia?

As expectativas para 2021 são promissoras. Espera-se que o cenário de pandemia possa se acalmar com a vacinação da população e por consequência fortalecer o crescimento da economia nacional e mundial.
O crescimento e a diversificação da Languiru geram maior participação na economia dos municípios, oferecendo aos produtores rurais diversas formas de produzir alimentos. Além disso, foca a Cooperativa na geração de empregos nas suas unidades de varejo e produção, disponibilizando uma grande gama de produtos para o varejo regional.

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