A pandemia colocou todos os setores à prova, inclusive a imprensa. Pressionados, grandes players apostam em modelos perversos, que mais conversam com a “favelização” das redes sociais do que com o jornalismo profissional
A forma de atuação da grande mídia tem sido muito questionada por grande parte da sociedade desde o início da pandemia. Reclama-se de tratamento desigual, o que segundo muitos, estaria alimentando a onda da polarização e da “espetacularização” que muitos líderes políticos e também empresariais surfam o tempo todo.
Ao mesmo tempo, existe um descontentamento flagrante com o “modus operandi” com o qual alguns players nacionais tratam as questões da covid, mais interessados em desconstruir narrativas que não lhe convêm do que com a missão essencial de informar, ensinar e esclarecer.
Jornalismo profissional se faz sem paixões, perseguições, crenças nem sensações. O que se percebe, infelizmente, é jornalistas catando pêlo em ovo ou chifre em cabeça de cavalo para emplacar narrativas que possam comprometer e/ou “incriminar” canhotos ou destros, dependendo do viés ideológico.
O jornalismo perde. Sai arranhado. Fazer jornalismo profissional, neste momento turbulento que o Brasil atravessa – mais um, alias – é tarefa árdua. Mas, indispensável. Fariam bem os meios e seus profissionais se descolassem das redes sociais e apostassem na originalidade e na autenticidade dos seus trabalhos e funções.
É preciso jogar limpo com os ouvintes, leitores e telespectadores. Levar até eles, o máximo de opiniões, informações e narrativas, a fim de contemplar as mais diferentes facetas sociais e divergências de opiniões, para que cada cidadão possa tirar as suas próprias conclusões.
Dou um exemplo. Nestes últimos dias, aqui na Rádio A Hora 102.9, entrevistamos pelo menos cinco profissionais da área da saúde, de diferentes áreas e formações.
O primeiro, no sábado passado, foi Alessandro Loiola. Para muitos ouvintes, a melhor entrevista dos últimos tempos. Para outros tantos, a pior. E assim sucederam-se outras quatro entrevistas ao longo da semana, com opiniões e linhas de pensamento divergentes, contrárias ou similares.
Jornalismo é isso. Pluralidade e imparcialidade. Alguns plantonistas hão de questionar este escrevinhador de que além de trazer as mais variadas opiniões e versões, jornalismo precisa trazer a verdade. E eu pergunto: existe apenas uma verdade em relação à covid? Temos informações suficientes para afirmar que a opinião de um está 100% certa e a de outro 100% errada? Para mim, não. Cercear o cidadão de alguma dessas versões não atende ao princípio da pluralidade e imparcialidade. Por isso, quanto mais versões, mais análises, mais reflexões e menos paixões e sensações, melhor jornalismo entregamos à sociedade.
O que está por vir
Na próxima terça-feira, Lajeado completa 130 anos. Além de uma revista que já está na gráfica, o Grupo A Hora prepara uma programação especial na rádio A Hora para este dia. Entrevistas e programas alusivos para debatermos o futuro da cidade polo do Vale do Taquari.
Entre nós
A chegada da vacina contra a covid-19 está fazendo muita máscara cair. Para o bem e para o mal!