De máscara no rosto e cocar na cabeça, as duas indígenas mais velhas da aldeia Jamã Tÿ Tãnh (“aldeia do coqueiro”, na tradução para o português), localizada em Estrela, receberam as doses da vacina contra a Covid-19 na tarde de quinta-feira, 21. As índias Eva Rosalina de Melo, 85, e Lídia Soares, 95, foram as primeiras integrantes do grupo prioritário a receberem o imunizante na região do Vale do Taquari.
A vacinação foi organizada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde em parceria com a Administração de Estrela, por meio da Secretaria da Saúde. A psicóloga da Sesai, Sabrina Della Vechia Scarabelot, esteve à frente do processo, e como profissional que trabalha diariamente nas aldeias comemora a chegada das vacinas.
“Essas duas sábias do território indígena, Dona Eva e Dona Lídia, representam tudo o que há de mais ancestral. Elas foram escolhidas pelo coletivo para receberem essa dose de esperança devido a todo o seu conhecimento e sabedoria”, comenta Sabrina.
Os indígenas fazem parte dos grupos prioritários nessa primeira etapa de imunização. Para a psicóloga, esse é um reconhecimento pela importância social e histórica deles para o país. Atualmente, a aldeia tem 36 famílias e cerca de 110 indígenas morando no local, e até o momento não foi registrado nenhum caso positivo da doença. “É um momento muito emocionante. São gotas de esperança em meio a tantas dificuldades e essa é uma conquista do movimento indígena”.
“O sonho se tornou realidade”
Maria Sandra Soares, 40, é vice-cacique da aldeia e filha de Lídia, uma das primeiras indígenas vacinadas. Logo depois da mãe, ela também recebeu a dose. “A expectativa era muito grande. Eu sonhava com o dia em que nosso povo seria vacinado. E o sonho se tornou realidade”.
Maria Sandra fez questão de ser uma das imunizadas e assim se tornar um exemplo para os outros integrantes da tribo. E logo depois dela, outros integrantes da tribo deram sequência à fila. “Espero que todos sejam logo vacinados. Esse dia renova as esperanças. Agora, espero o momento em que não exista mais o vírus, que possamos circular sem máscara e encontrar outras pessoas sem medo”, finaliza.
