O golpe não é novo, mas o meio de pagamento sim. A facilidade do Pix atraiu a atenção dos criminosos e, somente nesta semana, diversas tentativas de golpes envolvendo o WhatsApp e o novo método de pagamento chegaram ao conhecimento da reportagem.
Um dos fatos envolveu a jornalista Maica Viviane Gebing, 36 anos, moradora de Arroio do Meio, na quarta-feira, 20. “Estava voltando do almoço quando por um momento de bobeira recebi um convite no Instagram para curtir uma página de uma agropecuária, depois disso recebi uma mensagem via direct falando sobre um sorteio”, conta.
Ela diz que enviou o nome completo e o número de celular e que, em seguida, os golpistas pediram que enviasse o código do SMS. “Afirmaram que aquele número daria validade ao sorteio. Eu nunca forneço meus dados pessoais, mas nesse momento de bobeira, passei”.
Depois de repassar o código, tentou acessar novamente o aplicativo de WhatsApp e não conseguiu. “Percebi que havia feito algo errado”, pontua. Ela conta que publicou no Facebook uma mensagem alertando que o número havia sido clonado. “Eles entraram em contato com diversos conhecidos pedindo dinheiro por transferência Pix, mas muitas pessoas falaram que não usavam a chave”, diz.
Uma única pessoa realizou dois depósitos via TED, que totalizaram R$ 2,6 mil. “Esse é o perigo de fazer as coisas no automático. Nessas situações de pedido de dinheiro, sugiro que as pessoas tentem sempre buscar alguma informação que só ela e a outra saibam, uma intimidade, por exemplo.”
O titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), de Lajeado, Alex Assmann, ressalta que os crimes de estelionato envolvendo a clonagem do número têm aumentado nas última semanas. “É o golpe mais comum e sempre lembramos as pessoas para que não passem o número que chega via SMS ou cliquem em links”, alerta.
Fique atento
Antes de realizar uma transferência via Pix, o sistema mostra o nome completo, o banco e um trecho do CPF do destinatário. Em alguns casos, a chave Pix é do próprio CPF. Informações que ficam salvas no comprovante virtual da transação.
“A proteção mais fácil é sempre desconfiar”
Ismael Carlos Joanella Assessor de negócios do Sicredi
• É seguro utilizar o Pix?
O Pix veio como meio de pagamento, ele é muito prático e simples de usar. Os golpistas tiram vantagem, mas é seguro. O que se precisa ter em mente é desconfiar das ações e do que está sendo solicitado. Os golpistas fazem uma manobra psicológica, mas a proteção mais fácil é sempre desconfiar. O meio de pagamento pelo Pix é seguro e regulado pelo Banco Central. Quando falamos em fraude eletrônica, ela é praticamente zero em virtude da sistemática que envolve a transação do Pix.
• Usar CPF como chave é seguro?
As chaves, seja CPF, e-mail, chave aleatória, elas vêm para simplificar. Muitos usuários não gostam de compartilhar o CPF, mas pelo nível de segurança durante uma transação, qualquer forma de chave podem ser usadas sem problema algum.
• Caí no golpe e passei o dinheiro pelo Pix. E agora?
A orientação é avisar a instituição financeira e fazer um boletim de ocorrência. Comunicando o banco, ela já vai poder atuar na busca desse valor. Na questão do golpe é muito difícil recuperar esses valores, pois é uma transferência online e tem características de ser instantânea, no momento da transação, já tem alguém pra sacar o valor e completar a ação.
• Quando o banco devolve o dinheiro?
Existem duas situações. Os golpes de WhatsApp e as fraudes eletrônicas. As fraudes eletrônicas são aplicáveis, a clonagem de aplicativo do banco, do cartão e quando falar em fraude eletrônica a instituição tem o fundo garantidor, onde cabe um ressarcimento do prejuízo. Os golpes, como não existe possibilidade da instituição fazer o controle, não tem a possibilidade de ressarcimento.
