Quando surgiu sua paixão por cerveja?
Sempre gostei de cerveja, mas a paixão pelas artesanais surgiu quando conheci meu marido, na época entusiasta e conhecedor de cerveja artesanal. Ele me levou para esse caminho. Em 2018, o André se profissionalizou e é sommelier de cerveja (profissional que auxilia na escolha das bebidas). Minha paixão por ele e pela cerveja só aumentou.
Quando percebeu que poderia atuar na área cervejeira?
Comecei a acompanhar o André, nas formações cervejeiras, cursos e festivais. Percebi que tinham mais mulheres que imaginava em festivais, mas poucas em cursos. Me sentia sozinha como mulher. Pensei: com certeza devem existir mais mulheres que gostam de cerveja como eu na região, e fundei a Confraria D’Elas para encontrar essas mulheres. Deu certo. No primeiro evento, em dezembro de 2018, em prol da Casa de Passagem da Mulher foi um sucesso. Esperava 20 mulheres e foram mais de 40 inscritas no primeiro encontro mensal. Em dois anos de atividades, são 62 associadas.
Em um ambiente tradicionalmente masculino, como foi a inserção nesse meio?
Cerveja é coisa de mulher, sim! E a história confirma. Sumérias, mesopotâmicas e egípcias fabricavam as primeiras cervejas que se tem registro. Hildegarda de Bigen, uma monja alemã, que descobriu as propriedades conservantes do lúpulo. Mulheres sempre tiveram relação com a cerveja desde o surgimento e popularização da bebida.
Ao longo dos séculos essa história mudou e a cerveja foi se tornando cada vez mais um território dos homens. Com a popularização das cervejas artesanais, as mulheres passaram a retomar sua relação com a cerveja, como exemplo a nossa confraria.
Além de consumir mais cerveja, as mulheres também aumentaram sua participação nesse mercado: desde a produção, incluindo a gestão de negócios e o ensino no ramo.
A confraria participa de eventos cervejeiros?
A Confraria participa e promove eventos cervejeiros, em prol da comunidade e do empoderamento feminino. Não somos apenas mulheres que bebem e estudam cerveja, somos um coletivo feminino que incentiva o protagonismo da mulher nesse meio e em demais áreas.
Ser mulher no setor cervejeiro sempre foi um desafio. Ainda existe machismo e percebemos isso em eventos, cursos ou projetos que participamos. Em alguns casos, homens não toleram mulheres trabalhando na área, se especializando. Mas também há o outro lado. Muitos homens ajudam a construir um espaço mais inclusivo e a apoiar as mulheres.
O que é preciso para participar da confraria?
Precisa gostar de cerveja. Na confraria, a pessoa vai encontrar conhecimento, diversão, novas amizades, além de um coletivo de mulheres empoderadas que se apoiam em todas situações.