O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), realiza nesta semana estudos nos municípios Encantado e Lajeado, para avaliar as áreas que são suscetíveis a inundações e movimentos de massa, como os deslizamentos e desmoronamentos. Este trabalho resultará na Carta de Suscetibilidade das duas cidades e faz parte dos projetos de prevenção de desastres naturais executados pela instituição com o objetivo de preservar vidas por meio da geração de informações que devem ser utilizadas pelo poder público de forma preventiva, priorizando o planejamento territorial para evitar a formação de áreas de risco geológico devido à ocupação inadequada.
Pesquisadores em geociências, os geólogos Carlos Peixoto e Débora Lamberty iniciaram os trabalhos na segunda-feira, 19, pela cidade de Encantado, que tem uma população estimada em 22,8 mil pessoas, uma extensão de pouco mais de 140 km² e fica situada na Mesorregião do Centro Oriental do Rio Grande do Sul. Após a conclusão dos levantamentos, os pesquisadores seguirão para Lajeado, onde vivem mais de 85 mil pessoas em uma extensão de aproximadamente 91,3 km², de acordo com os dados do Censo 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O trabalho de campo nas duas cidades segue até o dia 29 de janeiro.
Informações geradas pelo estudo
Segundo destaca o geólogo Tiago Antonelli, que é o coordenador-executivo do projeto das Cartas de Suscetibilidade do SGB-CPRM, os estudos no RS devem gerar informações sobre a elevação dos terrenos analisados, precipitações médias anuais e mensais da chuva, declividade, padrões de relevo, além de descrever os tipos de rochas da região. Antonelli esclarece que o levantamento consiste numa modelagem matemática feita em escritório, que posteriormente é validada em trabalho de campo pela equipe de pesquisadores que percorre toda a extensão dos municípios, com posterior conclusão em escritório. As áreas são classificadas em alta, média e baixa suscetibilidade a movimentos de massa e inundações.
“A partir desta análise validada em campo, é possível nortear o crescimento urbano de forma adequada e segura, evitando vítimas, perdas e danos nos setores sociais, econômicos e de infraestrutura, como habitação, energia, saneamento, comércio, agricultura e serviços. O documento também apresenta informações sobre a elevação do terreno analisado, precipitações médias anuais e mensais da chuva, declividade e padrões de relevo. Após a etapa de campo, a previsão é de que as cartas das duas cidades sejam publicadas e entregues aos gestores públicos em média em até três meses”, explica o geólogo.
Abrangência
Além de Encantado e Lajeado, a capital Porto Alegre e mais nove municípios do Rio Grande do Sul já foram avaliados pelos pesquisadores do SGB-CPRM e têm suas Cartas de Suscetibilidade publicadas. São eles: Alto Feliz, Capão do Leão, Caxias do Sul, Dom Pedrito, Eldorado do Sul, Estrela, Igrejinha, Novo Hamburgo e São Lourenço do Sul. Todas as informações são públicas e podem ser consultadas neste link.
Ao todo, no Brasil, o Serviço Geológico mapeou 518 municípios, onde foram contempladas mais de 87,8 mil pessoas. No ano passado, em meio à pandemia, foram publicadas 26 Cartas de Suscetibilidade.