O futebol é como a vida. A carreira do jogador tem início, meio e fim. Querendo ou não, sempre chega a hora do atleta pendurar as chuteiras. Esta hora chegou para um dos maiores símbolos recentes do Clube Esportivo Lajeadense. Aos 37 anos, o capitão Alexandre Bindé anunciou que está se retirando dos gramados.
A despedida não será como ele queria. O grande objetivo do veterano era se despedir do futebol comemorando o acesso de divisão com o Alviazul. A pandemia veio e os planos precisaram ser mudados. Depois de atuar em 2020 por Lajeadense e Caçador, de Santa Catarina, o lateral decidiu ser o momento ideal para deixar o futebol. Pelo menos dentro das quatro linhas. “Não era o que eu queria para o momento, mas as circunstâncias do futebol fizeram com que eu desse um fim antecipado na carreira”, comenta.
Para Bindé, a incerteza sobre o andamento da temporada 2021, assim como já ocorreu na anterior, foi o que norteou a decisão de anunciar a aposentadoria. Principalmente após a divulgação do calendário de futebol no estado. Com a Divisão de Acesso iniciando apenas em julho, o atleta não viu vantagem em ficar mais meio ano parado. “Fisicamente eu me sinto muito bem ainda, mas a pandemia e o calendário jogaram contra, o atleta fica muito prejudicado em não ter competições por um período tão longo”, avalia.
Ele diz que a decisão foi tomada após muita reflexão. Mas, infelizmente, o cenário não é nada favorável para o atleta que é acostumado a atuar no interior. “O mercado se encurtou muito. Ainda fui atuar em Santa Catarina e acredito que rendi bem. Aqui no estado fica complicado, não tem como sobreviver ficando seis meses sem competição e, consequentemente, sem salário.”
Realidades do futebol
O futebol que nos acostumamos a acompanhar é muito diferente do vivido pela maioria dos atletas. Para se conseguir o tão sonhado pé-de-meia é preciso jogar em algum clube grande, ganhar um alto salário. Talvez ir para fora do país. Para o jogador acostumado a atuar no interior ou em divisões inferiores, a realidade é outra. “Tu trabalha três meses, fica outros quatro parado. Se junta em um período o dinheiro para passar o tempo que fica parado. É preciso ter um cabeça muito boa”, pondera Bindé.
Por outro lado, o lateral comemora o fato de ter tido uma carreira sólida, em que construiu identificação com pelo menos três clubes: Porto Alegre, São José e Lajeadense. A identificação com a torcida, principalmente a do Alviazul, é um dos pontos mais altos da carreira. “Graças a Deus fiz muita amizade dentro do futebol.”
Paixão pelo Alviazul
Ao falar do Lajeadense o, agora ex-lateral, chega a se emocionar. Foram várias temporadas com o Alviazul. Um namoro que iniciou em 2011 e passou por épocas distintas. Campanhas de sucesso no Gauchão, outras sem tanto brilho na Divisão de Acesso. Em comum sempre esteve a paixão do homem natural de Três Passos, mas que hoje fala com orgulho que é morador de Lajeado. A braçadeira de capitão achou o seu lugar nos braços de Alexandre Bindé.
Segundo ele, a paixão foi a primeira vista. “Clube, cidade e região me abraçaram. Minha família toda na verdade. O Lajeadense é algo enorme na minha vida, tanto é que havia posto a meta de me aposentar só quando o Dense conseguisse subir. Sinto muito por ter parado antes. Agora serei mais um torcedor do Alviazul.”
Futuro no futebol amador
É comum vermos na região a migração do atleta profissional para o amador. Jogador habituados a jogar em grandes palcos, que ao se aposentar, passam a brilhar nos campos da região. Bindé garante que este será um dos projetos em que irá seguir após a aposentadoria. “Agora vivo a vida de ex-atleta, o futebol amador é muito forte na região. Acho que tinha mais uns dois anos para atuar em grande nível, então agora vou pensar nesse lado também. Estou esperando contatos.”