O professor de dança e de Educação Física, Cristiano Souza da Silva, morador de Encantado, participou, ontem, de um congresso científico da Federação Internacional de Educação Física (FIEP), e apresentou um artigo intitulado Vida Ativa em Casa: um projeto de atividades físicas no isolamento social. A proposta de levar a dança para as casas dos idosos, que deu origem ao artigo, teve início na pandemia em março do ano passado.
Antes da disseminação da covid-19, o professor ministrava atividades de dança ao público da terceira idade, em grandes grupos, nas cidades de Anta Gorda, Relvado, Pouso Novo e Fazenda Vilanova. “Quando chegou a pandemia, eu não podia abandonar esse grupo. Pensei em alternativas seguras e eficazes para seguir atendendo. Levei a caixa de som para frente das residências. Lá, dançávamos à distância”, relembra o professor.
Conforme Silva, o projeto é inédito no país e só no município de Relvado, que serviu de base para o artigo, são 111 idosos atendidos. “Chego a fazer de 20 a 30 visitas por dia”, explica.
Abordagem do artigo
O artigo foi desenvolvido por Silva para analisar como os participantes do projeto estavam se sentindo durante a intervenção e se a atividade agregava tanto em aspectos físicos quanto nos psicológicos. Durante a pesquisa, o professor identificou que os idosos sentiam a falta do convívio social e apontaram que a dança era motivo de felicidade. “Concluímos que estávamos contribuindo para uma melhora significativa nos aspectos físicos e também psicológicos dos envolvidos”, revela.
Durante o projeto, o professor trabalha principalmente movimentos de braços e pernas para manter os idosos ativos. De acordo com Souza, são quatro pilares que movem o projeto: a música que gera a dança; a dança que gera o movimento; o movimento que gera o exercício e o exercício que promove a saúde.
“Constatei com a pesquisa que atividade física é essencial e desenvolve muitos benefícios. Percebi que pode melhorar a imunidade, além de contribuir com a autonomia para a realização de atividades diárias por parte dos idosos”, conclui o professor.
Reconhecimento do trabalho
O artigo já foi apresentado em um evento promovido pela universidade Feevale, de Novo Hamburgo, e agora será FIEP Bulletin, revista do congresso internacional. Conforme Souza, o estudo estará disponível nos idiomas inglês, espanhol, francês e português. “É um reconhecimento que me deixa orgulhoso. Uma atividade que precisou se reinventar para ter continuidade em meio a tantas dificuldades”, finaliza.