Um ofício encaminhado pelo prefeito Adroaldo Conzatti à presidência da Emater/RS-Ascar gerou polêmica em Encantado no começo dessa semana. O órgão pode encerrar suas atividades no município caso as duas partes não cheguem a um acordo na reunião que será realizada na tarde desta quarta-feira, 13.
No documento, Conzatti pede o fim do convênio entre o governo municipal e o órgão de assistência técnica e extensão rural, que perdura por décadas em Encantado. A justificativa seria de que serão implantados programas próprios com tecnologia agropecuária e gerencial, utilizando-se da estrutura administrativa.
O pedido do prefeito pegou de surpresa não somente a Emater, mas também a Câmara de Vereadores, se tornando o assunto principal da sessão de segunda-feira. Parlamentares de oposição assinaram uma moção de repúdio contra o ato de Conzatti e defendem que a medida seja revista pelo governo.
A moção foi assinada por seis vereadores, sendo dois do MDB – Yê e Carlos Eduardo da Silva – e quatro do PP – Diego Pretto, Marino Deves, Sander Bertozzi e Valdecir Cardoso -. Eles argumentam que não houve diálogo com os agricultores, que seriam os principais prejudicados com o fim do convênio, bem como não houve explanação do prefeito sobre os planos para o setor.
Política local
Ouvido pela reportagem, Conzatti diz que a decisão tem a ver com o fato da Emater trabalhar com uma política estadual e que os projetos não podem ser “padrão”. Ainda assim, confirma que receberá a gerência regional do órgão hoje para uma conversa.
“Se continuar da forma em que eles trabalham aqui, vamos romper. Temos diferentes realidades em cada bairro, cada localidade. Contrataremos técnicos e desenvolveremos projetos conforme a nossa realidade”, afirma.
A Emater conta com um escritório no Centro de Encantado. Na unidade, trabalham três funcionários: secretária, extensionista social e engenheiro agrônomo. Caso o convênio não seja renovado, os profissionais serão realocados em outros municípios.
Confiança
O fato de Conzatti ter aceito a reunião com a Emater anima o gerente regional, Marcelo Brandoli. Pego de surpresa com o ofício, ele acredita em um diálogo para solucionar o problema e evitar o rompimento do contrato.
“Há, de fato, essa intenção dele. Mas abriu diálogo conosco. É o primeiro passo. A comunidade também se posicionou a nosso favor. Vamos ouvir o prefeito, pois queremos seguir no município. Sempre tivemos uma ótima relação com a prefeitura, até na gestão passada dele. Conhecemos o Adroaldo e ele vai nos entender”, afirma.
Brandoli adianta que, em caso de não renovação do convênio, políticas públicas voltadas ao trabalhador do campo ficam prejudicadas.