Escassez de chuva preocupa agricultores

Prejuízos à vista

Escassez de chuva preocupa agricultores

Prognóstico apontava para arrefecimento do La Niña em janeiro, mas primeiras semanas do mês terão poucas precipitações. Emater prevê que lavouras terão menos qualidade devido à escassez de água

Escassez de chuva preocupa agricultores
Com chuva abaixo da média, Emater aponta prejuízo na qualidade da silagem. Créditos: Felipe Neitzke/ Arquivo
Vale do Taquari

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) previa que o La Niña perderia força em janeiro. No entanto, novo prognóstico, este vindo da maior organização mundial em análise de clima, a Agência de Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, sigla em inglês), indica que janeiro será o pico do fenômeno.

Enquanto o centro do Brasil terá chuva acima da média, o Rio Grande do Sul sofrerá com escassez de água tanto neste mês, quanto para fevereiro. Para complicar um pouco mais as condições do clima para os agricultores, o calor elevado pode ocasionar temporais, com rajadas de vento e queda de granizo.

O problema para o setor primário, diz o gerente adjunto do escritório regional da Emater\Ascar-RS, Carlos Lagemann, são longos períodos sem nenhuma chuva. “Ficar com chuva abaixo da média não é um problema, desde que exista regularidade das precipitações. O problema é ficar dez, 15 dias sem nenhuma chuva”, relata.

De acordo com ele, mesmo com as chuvas isoladas, típicas do verão, não há como recuperar os reservatórios de água, a umidade do solo e a melhoria das condições das lavouras, em especial de milho. “Pelo acompanhamento das chuvas, os meses de agosto, setembro e outubro foram quase nulos em termos de precipitações”, diz.

As lavouras de milho estão entrando na fase final para a colheita. A média de chuvas das últimas semanas interferirá na qualidade do grão, afirma Lagemann. As espigas já estão formadas, agora é o período em que o grão enche. “Com a chuva abaixo da média, essa safra terá perda de tamanho e de qualidade.”

Como a maior parte das propriedades da região usa o milho para silagem, a quantidade bem como o valor nutricional para alimentação animal será reduzida. Como consequência, o custo de produção aumenta.

Menos prejuízos do que a seca passada

O fim de novembro e o início de dezembro foi satisfatório em termos de precipitações. O escritório regional da Emater\Ascar-RS contabilizou 120 milímetros de chuva no acumulado. Essa quantidade foi o suficiente para melhorar as condições do solo e das lavouras.

De acordo com Lagemann, no cultivo da soja, muitos agricultores atrasaram o plantio. Como o solo estava com mais umidade, houve condições melhores. Esse maior prazo foi benéfico, mas também traz riscos, caso falte regularidade das precipitações em janeiro.

Apesar dessa previsão de chuvas menos intensas, a expectativa é que essa estiagem seja menos severa do que na safra 2019\20. Segundo Lagemann, os prognósticos mostram que o La Niña tende a se enfraquecer. Com isso, a falta de chuva não será tão severa quanto no verão passado.

Ainda assim, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento confirma prejuízos para o campo. A cultura mais afetada neste momento é o milho. Pela análise técnica da secretaria, as intempéries resultaram em perdas na ordem de R$ 500 milhões na lavoura. As regiões mais atingidas são o Norte e o Nordeste gaúcho.

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