Quando recebeu o diagnóstico de câncer no ovário e o que sentiu no momento?
Foi um misto de emoções. Fiquei sem chão e com sentimento de incerteza. Eu tinha 20 anos e a notícia não foi apenas um diagnóstico de câncer, mas um fato que mudou minha vida para sempre. No momento que eu soube, tive que mudar minha vida por completo. Precisei interromper todas minhas atividades e permanecer em casa. Aos poucos compreendi o que de fato estava acontecendo comigo. É muito importante a aceitação para poder seguir com a vida e com o tratamento.
Como surgiu a ideia de criar uma conta no Instagram e compartilhar suas vivências?
Eu sempre fui uma pessoa muita ativa e agitada, com muitos afazeres. Trabalho desde cedo. A partir do diagnóstico, fiquei parada, sem poder fazer nada. Uma amiga me mostrou o perfil “De um Peito Aberto”, no qual Nicole Morás compartilha a luta contra o câncer de mama. Após acompanhar a página, percebi que nas redes sociais havia pouco conteúdo sobre o câncer nos ovários.
Me inspirei nela e criei postagens simples. Quero que as pessoas leiam e entendam do que se trata. Posto fotos minhas com textos que contam a minha história. Desde o início até o momento atual do tratamento. Utilizo a página para falar sobre prevenção e para trocar experiências com outras pacientes.
Na sua conta no Instagram você expõe que venceu o câncer de ovário. Como foi essa luta?
Quando eu fiz minha última quimioterapia, em setembro de 2020, mudei o nome do meu Instagram e coloquei a frase “Venci o câncer de ovário”. Tenho que acompanhar durante cinco anos com exames para constatar a cura, porém já me considero uma vitoriosa. Os exames já indicam que estou muito bem. Essa luta foi muito difícil, mas eu procuro pensar que poderia ter sido pior e sou grata por ter sido como foi. Acredito que tudo acontece com um propósito e ainda vou levar algum tempo para entender de fato. Passar pelo câncer faz a gente enxergar novos rumos.
Qual a parte mais difícil do tratamento?
Eu sempre tracei metas na minha vida e planos de como conquistar esses objetivos. Com o câncer foi semelhante. Após o diagnóstico, precisei operar. Comente com o meu médico que tinha medo da anestesia e ele me respondeu: “Tu não tem a opção de ter medo, tu precisa operar”. Essa frase fica na minha cabeça. O mais difícil não foram às sessões de quimioterapia ou a cirurgia, mas sim, parar a minha vida e não poder fazer o que eu gosto.
Com a luta já vencida, o que espera seguir compartilhando na sua página?
Eu ainda tenho vivências para contar e toda a minha história daqui para frente. Principalmente no papel da conscientização e de diagnóstico precoce. O propósito da página é sempre ajudar o outro.