Pediatra alerta para efeitos negativos deixados pela pandemia nas crianças

Efeitos da pandemia

Pediatra alerta para efeitos negativos deixados pela pandemia nas crianças

Médico pediatra João Paulo Weiand, de Lajeado, participou do programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, na manhã dessa quarta-feira. Ele destacou os efeitos negativos deixados pela pandemia nas crianças e adolescentes e ainda, ressaltou, que no próximo ano haverá um índice elevado de crianças obesas em decorrência da rotina adotada durante o período

Pediatra alerta para efeitos negativos deixados pela pandemia nas crianças
(Foto: Ana Carolina Becker)
Lajeado

Os efeitos que a pandemia deixa serão visíveis durante um longo tempo. Em março, o médico pediatra João Paulo Weiand, destacou em participação ao programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, as consequências emocionais negativas que a pandemia da covid-19 poderia deixar em crianças e adolescentes.

Cerca de nove meses após a entrevista, ele retornou ao programa na manhã dessa quarta-feira, 6, e destacou que já é visível no consultório crianças que apresentam problemas emocionais gerados pela pandemia. “O emocional foi o que mais afetou e o físico também tem consequências”, ressalta.

“A situação mais comum é com relação a toda a insegurança que foi gerada para pais e crianças em função da pandemia e da incerteza da resolução do quadro. Ainda vemos muitos pais e crianças assustados”, diz. De acordo com o profissional, esse medo gerado não se justifica na pediatria. “Esse vírus na pediatria tem características extremamente benignas. Ou seja, não é capaz de causar doenças graves nas crianças”, diz. No Rio Grande do Sul, foram registrados 20 óbitos na faixa etária dos zero aos 19 anos em decorrência do coronavírus. “Dado estatístico vindo dos Estados Unidos mostra que o risco de uma criança ou adolescente, nessa faixa etária, contrair a doença grave ou ir a óbito é de 0,003%.”

O fechamento das escolas e o reflexo no comportamento

Na visão do médico pediatra, a decisão para o fechamento das escolas foi tomada de forma precoce. “O que aconteceu, principalmente, com as crianças pequenas foi que os pais logos tiveram que voltar ao trabalho, a vida continuou e elas ficaram sem creche ou escola”, lembra.

O profissional enfatiza a importância da aprendizagem para o desenvolvimento da fala e parte cognitiva. “Muitas crianças foram privadas de receber atenção, amor e carinho, fatores que irão refletir no desenvolvimento.”

A maior preocupação, de acordo com Weiand, é com relação as crianças de rede pública na faixa etária dos 6 e 7 anos. “Como é que tu vai conseguir alfabetizar uma criança em casa, recebendo trabalhos pelo celular, é impossível”, comenta.

A falta de rotina

A falta de rotina estabelecida pela pandemia, principalmente, para as crianças pode gerar problemas futuros. No ano que vem, por exemplo, segundo o profissional, o índice de obesidade pode aumentar devido ao acesso de alimentos industrializados às crianças. “Boa parte das crianças tinha uma alimentação balanceada no colégio e agora estão em casa com uma alimentação não tão boa, com alimentos congelados.”

Além disso, o uso do celular ficou mais intenso durante a pandemia. “Temos as crianças muitas vezes entregues a um dia inteiro ou ao menos um meio turno ao celular ou computador recebendo os mais diversos tipos de informações. A influência negativa é extremamente grande com uma gama de consequência que traz à criança.”

Segundo Weiand, quando uma criança fica muito tempo em frente ao celular ou computador ela deixa de desenvolver a percepção espacial. “A criança precisa estar vendo, lendo e ouvindo o que está a sua volta. O que acaba acontecendo quando uma criança está em frente a tela é que ela fica limitada e acaba perdendo a percepção espacial do mundo e isso traz consequências.”

Confira a entrevista na íntegra

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