• Como essa vontade de fazer arte surgiu na sua vida?
É algo que me acompanha desde muito cedo. Ainda criança, sempre gostei muito de desenhar. Ali já demonstrava certa facilidade. Tinha uma desenvoltura acima da média na comparação com outras crianças. A partir disso fui bastante estimulado para desenvolver essas aptidões.
• A gama de trabalhos vai além do desenho. O que mais você faz?
Toco violão, mas não tenho a habilidade técnica de amigos e outros companheiros que toquei junto. Eu gosto mesmo é de fazer a música, de compor. Claro, toquei com muita gente em mais de 20 anos. Mas, de fato, me direcionei para a composição. Meu interesse sempre foi autoral. Também sou artista visual. Faço esculturas, desenho, pinto telas, faço ilustrações, gravuras…
• É possível viver da arte?
É difícil. Eu atuei por muitos anos em agências, trabalhando com publicidade, com atendimento. Ao mesmo tempo fazia minhas peças. Vendia, fazia exposições. Conciliando uma atividade com a outra. O mercado da arte é muito restrito. Muitas vezes pensamos que indo para um grande centro teria mais oportunidades, mas é geral. Em Porto Alegre a cena também é bem restrita.
Aos poucos criei uma carreira por aqui, mesmo sem haver muito espaço. Quando me perguntam por que continuo trabalhando com arte, eu costumo dizer que não consigo parar. Não consigo evitar. Para mim, a arte é um impulso vital. É o que me anima mesmo. Muito mais do que uma busca por realização financeira.
• Você fala em impulso vital. No que a arte te motiva? O que ela representa sobre tua personalidade?
Em primeiro lugar ela tem um caráter de libertação. Eu consigo me colocar no mundo de uma forma mais honesta. Afinal, mostro pela arte quem eu sou, o que penso. Sempre falei para os meus amigos: quanto estiverem em uma exposição minha, vão me ver nu. Ali estão as minhas entranhas. Não que eu tenha necessidade de falar a meu respeito, pois a arte que faço fala por mim.
Nem sempre será bonitinho. Fazer arte, ao contrário do que muitos pensam, não é apenas procurar o belo. Mas também de questionar, de pensar, de propor novas ideias. A arte nunca está completa, ela não tem respostas. Se trata de sentir. É uma forma de comunicação em um estágio muito mais avançado. Nisso, há um papel fundamental daquele que observa, que contempla a peça. A obra só estará pronta quando outro atribuir significado aquela obra.