A variação dos preços de produtos na indústria registrou alta no mês de novembro, influenciada pela atividade alimentar. O aumento foi de 1,39% na comparação com o mês anterior, segundo dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação de novembro foi a menor dos últimos cinco meses, mas as altas seguem sendo registradas consecutivamente desde 2019. Os valores acumulados de 2020 são os maiores do IPP desde a série iniciada em janeiro de 2014. Ao longo do ano, a variação chega a 18,92% e, nos últimos 12 meses, em 19,69%.
A atividade alimentar apresentou uma variação de 2,76%, sendo uma das 19 atividades analisadas pelo IBGE que tiveram alta no mês de novembro. Vale lembrar que, ao longo do ano, o preço dos alimentos teve um crescimento de 32,01%, o maior desde 2010. Outras atividades que influenciaram no resultado do IPP de novembro foram as indústrias de produtos de álcool, de metalurgia e de borracha e plástico.
Conforme a economista Cíntia Agostini, a inflação do ano é reflexo do custo da matéria-prima, que está mais caro nos últimos meses. “Isso olhando para a área agroalimentar de uma forma geral. As empresas estão trabalhando abaixo da capacidade produtiva, por conta da pandemia. E temos um custo de importação que é alto. Estamos com o câmbio muito desvalorizado”, aponta.
O setor de alimentação representa ¼ do peso do IPP. Para Cíntia, se as indústrias não conseguirem produzir a pleno pela falta de matéria-prima, haverá problemas ainda mais graves no setor. “Elas acabam tendo um custo muito elevado, pois não conseguem processar tudo”, salienta.
“Vai ter impacto para o consumidor”
De acordo com Cíntia, o aumento da inflação na indústria também causa impacto no bolso do consumidor, situação que é percebida através da alta no preço de itens da cesta básica nos últimos meses.
“Se olharmos na perspectiva do Vale, todos nós vamos sentir. Nas prateleiras do supermercado já vemos uma cesta básica aumentando em 15%, 16% do início do ano passado até o começo deste ano. Os preços aumentaram. E isso acaba trazendo impacto para o consumidor, nos preços dos produtos. E, no caso do Rio Grande do Sul, ainda tem o impacto da estiagem”, projeta.
No levantamento mais recente, de novembro, o preço da cesta básica havia subido em 16 das 17 capitais brasileiras, analisadas na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).