“Negaram exames para a minha filha”

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“Negaram exames para a minha filha”

Pais de menina autista registraram ocorrência policial e buscam apoio do Ministério Público. Criança passou pela UPA e HBB, em Lajeado, antes de obter diagnóstico no Hospital Estrela

“Negaram exames para a minha filha”
Família registrou ocorrência e pretende levar o caso ao Ministério Público (Foto: Jhon Tedeschi)
Lajeado

Os pais de uma menina de cinco anos afirmam que a criança teve seu atendimento negligenciado. Entre a noite do último sábado e a madrugada do domingo, eles percorreram a Unidade de Pronto Atendimento, no bairro Moinhos, em Lajeado, o Hospital Bruno Born e o Hospital Estrela.

A menina apresentava fortes dores abdominais, além de calafrios e suor. Os pais suspeitavam de apendicite.
Somente no terceiro atendimento os pais conseguiram que fosse realizada uma ultrassonografia abdominal, que apontou quadro compatível com enterocolite e linfadenite mesentérica, dois tipos de inflamação no intestino.

“Negaram exames para minha filha dentro da UPA do Moinhos. Levei para o Bruno Born, negaram exames também. Minha filha foi para Estrela, onde fizeram os exames e foi constatado que ela tem uma infecção intestinal”, afirma o padrasto da criança, Adriano Siqueira.

A mãe explica que a menina é autista não-verbal, o que dificulta a comunicação no atendimento. “Minha Filha não sinaliza dor. Ela não diz ‘está doendo aqui, está doendo ali’. A gente sabe porque convive com ela”, afirma.

Registro de ocorrência

Os pais registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento de Lajeado. O caso deve ser levado ao Ministério Público.

A família solicitou ainda uma reunião com o prefeito Marcelo Caumo e o secretário de Saúde, Cláudio Klein. para buscar melhorias na qualidade do atendimento a autistas no município.

“Queremos que a autoridade de saúde coloque algum centro de atendimento específico para tratar com isso. Não é uma ou duas crianças, são muitas famílias que tem filhos com transtornos, não só de autismo, e que não tem respaldo na região. É desumano fazer uma criança sofrer da maneira que ela sofreu”, diz.

De acordo com Sheila, as dificuldades são recorrentes quando a menina precisa de atendimento em saúde. Ela conta ainda que a situação é vivenciada por outras famílias que têm filhos com autismo ou outros transtornos.

O secretário municipal de Saúde, Cláudio Klein, afirmou não ter conhecimento sobre o episódio. Segundo o Hospital Bruno Born, o caso será avaliado pelo MP se necessário.

Falta de preparo

Para a presidente da ONG Azul como o céu, Ana Emília Messer, falta preparo da maioria dos profissionais de saúde para lidar com esse tipo de paciente. A organização foi formada na metade de 2019 e reúne famílias de crianças autistas.

“Muitos dos médicos que estão na linha de frente não têm capacidade de escutar as famílias. E muitos negligenciam a mãe, dizem que isso vai passar, que a criança vai melhorar. Quando sabemos que é o contrário, quanto mais precoce o estímulo, maior o desenvolvimento da criança”, afirma.

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