Incêndio na propriedade rural: como evitar?

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Incêndio na propriedade rural: como evitar?

Curto-circuito na instalação elétrica é apontado como principal causa de sinistros

Incêndio na propriedade rural: como evitar?
Incêndio em aviário na propriedade de Paulo Schmidt, 55, no interior de Canudos do Vale, causou a morte de 14,4 mil frangos e prejuízo chega a R$ 200 mil
Vale do Taquari
oktober-2024

Os casos recentes de incêndios em propriedades rurais colocam agricultores em alerta. Somente nos primeiros dias de dezembro, na região, dois aviários sofreram danos por fogo. O caso mais recente, em Canudos do Vale, causou prejuízo estimado em R$ 200 mil.

Paulo Schmidt, 55, está no ramo da avicultura faz 14 anos, nunca havia enfrentado situação parecida com a qual se deparou na madrugada de sexta-feira, 11. “Acordei por volta das 2h, com o latido dos cachorros. Olhei para o aviário e percebi um clarão ao fundo da estrutura, as chamas aumentaram rapidamente”, descreve o agricultor.

Conforme o filho de Paulo, Leonardo Schmidt, 25, não foi possível conter o fogo. “Em cerca de 30 minutos toda a estrutura foi consumida, matando 14,4 mil pintos alojados naquele dia”, comenta.

Os bombeiros chegaram em Rui Barbosa, interior de Canudos do Vale, quando o aviário estava praticamente destruído, mas auxiliaram para evitar que as chamas se espalhassem para o galpão e casa da família. Foram utilizados cerca de 3 mil litros de água.

O empreendimento possuía seguro. As causas do incêndio são desconhecidas, entretanto Paulo cogita a possibilidade de um curto-circuito. “Um dia antes, lavamos todo o aviário, procedimento para higienização do espaço. Acredito em falha no sistema elétrico, pois o fogo iniciou longe da fornalha de aquecimento”, relata.

Diante do prejuízo, o agricultor ainda não sabe se vai construir nova estrutura. “Se houver interesse do filho em seguir na atividade até podemos fazer o investimento, caso contrário vamos manter apenas a criação de suínos e produção leiteira”, comenta Schmidt.

Principais causas

No caso de incêndio em vegetação, principalmente durante o verão, o descarte irregular de vidro (garrafa arremessada para fora do carro) e bituca de cigarro, estão entre os causadores de chamas.

“É um período quente e de vegetação seca. O vidro atua como uma espécie de lupa, provocando faíscas e podendo iniciar um incêndio de grandes proporções. Sempre orientamos a população a não realizar esse descarte irregular”, alerta o tenente dos bombeiros de Lajeado, Delmar Braz do Prado.

Ainda conforme o tenente Braz, durante o verão, são atendidas em média de 2 a 3 ocorrências por dia de incêndio em área rural. “Quando a equipe não consegue chegar de caminhão ao ponto em chamas, utilizam sopradores e batedores para conter o incêndio”, explica.

Em relação às propriedades rurais e estruturas (aviários, galpões, estufas…) a recomendação é de revisão periódica principalmente no sistema elétrico. “Na tentativa de economizar, acabam fazendo gambiarras que muitas vezes resultam em prejuízo, além do risco à vida”, destaca o tenente Braz.

A orientação do Corpo de Bombeiros é que sejam acionados o quanto antes. “No primeiro sinal de incêndio acione os bombeiros, cada minuto conta e nosso objetivo é chegar o quanto antes. Na tentativa inicial do morador tentar conter o incêndio acaba demorando em fazer a ligação ao serviço de emergência”, relata.

No verão passado, período de dezembro/2019 a março/2020, o Corpo de Bombeiros de Lajeado, responsável por 11 municípios do Vale do Taquari, atendeu 132 ocorrências de incêndio, tanto na área rural quanto urbana. “Desde o início do mês já foram dez atendimentos relacionados a incêndio”, ressalta tenente Braz.

Prevenção de incêndio

O eletricista Ivanir Becker, de Sério, explica a importância de utilizar equipamentos adequados na instalação. “Um fio fino ou disjuntor fora da capacidade de carga, podem sobrecarregar a rede e causar incêndio”, alerta.
De acordo com o técnico, é imprescindível uma revisão na rede, seja residencial ou das estruturas anexas na propriedade. “O próprio morador pode fazer esse serviço, mas precisa desligar o quadro de energia”, orienta.
Na revisão do sistema de energia é preciso ficar atento às emendas e tomadas. “Uma emenda mal feita ou aberta pode causar faísca e iniciar chamas. O contato da água com a fiação pode desencadear curto-circuito”, explica o eletricista.

Becker alerta ainda, sobre o uso de dispositivos, a exemplo do DR e DPS. “São sistemas ineficientes em situações resultantes de incêndio. O DR desativa a rede caso alguém encoste na fiação desencapada. Já o DPS, é destinado contra surtos de descarga elétrica, por exemplo”, detalha Ivanir.

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