Incêndio na propriedade rural: como evitar?

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Incêndio na propriedade rural: como evitar?

Curto-circuito na instalação elétrica é apontado como principal causa de sinistros

Incêndio na propriedade rural: como evitar?
Incêndio em aviário na propriedade de Paulo Schmidt, 55, no interior de Canudos do Vale, causou a morte de 14,4 mil frangos e prejuízo chega a R$ 200 mil
Vale do Taquari

Os casos recentes de incêndios em propriedades rurais colocam agricultores em alerta. Somente nos primeiros dias de dezembro, na região, dois aviários sofreram danos por fogo. O caso mais recente, em Canudos do Vale, causou prejuízo estimado em R$ 200 mil.

Paulo Schmidt, 55, está no ramo da avicultura faz 14 anos, nunca havia enfrentado situação parecida com a qual se deparou na madrugada de sexta-feira, 11. “Acordei por volta das 2h, com o latido dos cachorros. Olhei para o aviário e percebi um clarão ao fundo da estrutura, as chamas aumentaram rapidamente”, descreve o agricultor.

Conforme o filho de Paulo, Leonardo Schmidt, 25, não foi possível conter o fogo. “Em cerca de 30 minutos toda a estrutura foi consumida, matando 14,4 mil pintos alojados naquele dia”, comenta.

Os bombeiros chegaram em Rui Barbosa, interior de Canudos do Vale, quando o aviário estava praticamente destruído, mas auxiliaram para evitar que as chamas se espalhassem para o galpão e casa da família. Foram utilizados cerca de 3 mil litros de água.

O empreendimento possuía seguro. As causas do incêndio são desconhecidas, entretanto Paulo cogita a possibilidade de um curto-circuito. “Um dia antes, lavamos todo o aviário, procedimento para higienização do espaço. Acredito em falha no sistema elétrico, pois o fogo iniciou longe da fornalha de aquecimento”, relata.

Diante do prejuízo, o agricultor ainda não sabe se vai construir nova estrutura. “Se houver interesse do filho em seguir na atividade até podemos fazer o investimento, caso contrário vamos manter apenas a criação de suínos e produção leiteira”, comenta Schmidt.

Principais causas

No caso de incêndio em vegetação, principalmente durante o verão, o descarte irregular de vidro (garrafa arremessada para fora do carro) e bituca de cigarro, estão entre os causadores de chamas.

“É um período quente e de vegetação seca. O vidro atua como uma espécie de lupa, provocando faíscas e podendo iniciar um incêndio de grandes proporções. Sempre orientamos a população a não realizar esse descarte irregular”, alerta o tenente dos bombeiros de Lajeado, Delmar Braz do Prado.

Ainda conforme o tenente Braz, durante o verão, são atendidas em média de 2 a 3 ocorrências por dia de incêndio em área rural. “Quando a equipe não consegue chegar de caminhão ao ponto em chamas, utilizam sopradores e batedores para conter o incêndio”, explica.

Em relação às propriedades rurais e estruturas (aviários, galpões, estufas…) a recomendação é de revisão periódica principalmente no sistema elétrico. “Na tentativa de economizar, acabam fazendo gambiarras que muitas vezes resultam em prejuízo, além do risco à vida”, destaca o tenente Braz.

A orientação do Corpo de Bombeiros é que sejam acionados o quanto antes. “No primeiro sinal de incêndio acione os bombeiros, cada minuto conta e nosso objetivo é chegar o quanto antes. Na tentativa inicial do morador tentar conter o incêndio acaba demorando em fazer a ligação ao serviço de emergência”, relata.

No verão passado, período de dezembro/2019 a março/2020, o Corpo de Bombeiros de Lajeado, responsável por 11 municípios do Vale do Taquari, atendeu 132 ocorrências de incêndio, tanto na área rural quanto urbana. “Desde o início do mês já foram dez atendimentos relacionados a incêndio”, ressalta tenente Braz.

Prevenção de incêndio

O eletricista Ivanir Becker, de Sério, explica a importância de utilizar equipamentos adequados na instalação. “Um fio fino ou disjuntor fora da capacidade de carga, podem sobrecarregar a rede e causar incêndio”, alerta.
De acordo com o técnico, é imprescindível uma revisão na rede, seja residencial ou das estruturas anexas na propriedade. “O próprio morador pode fazer esse serviço, mas precisa desligar o quadro de energia”, orienta.
Na revisão do sistema de energia é preciso ficar atento às emendas e tomadas. “Uma emenda mal feita ou aberta pode causar faísca e iniciar chamas. O contato da água com a fiação pode desencadear curto-circuito”, explica o eletricista.

Becker alerta ainda, sobre o uso de dispositivos, a exemplo do DR e DPS. “São sistemas ineficientes em situações resultantes de incêndio. O DR desativa a rede caso alguém encoste na fiação desencapada. Já o DPS, é destinado contra surtos de descarga elétrica, por exemplo”, detalha Ivanir.

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