“Para cuidarmos dos outros, é preciso cuidar de nós mesmos”

Abre aspas

“Para cuidarmos dos outros, é preciso cuidar de nós mesmos”

A pandemia mudou a vida de todos, principalmente dos profissionais de saúde. Trouxe ainda mais desafios na rotina de atendimento aos pacientes. A médica Carla Luísa Bruxel, 35, da especialização em cirurgia pediátrica, também precisou reforçar a trincheira e passou a atuar no pronto-atendimento covid-19 do Hospital Estrela

“Para cuidarmos dos outros, é preciso cuidar de nós mesmos”
Estrela

• O que te fez escolher Medicina?
Sempre foi o meu desejo, desde pequena. Sempre fui apaixonada por ajudar os outros. Quando saí do Ensino Médio, tinha esse desejo de estudar para trabalhar na área da saúde. No primeiro ano, quando terminei a escola, fui para Porto Alegre e comecei a estudar Fisioterapia. Fiquei um ano na PUC.
Mas não era o que queria. Vi que realmente queria Medicina. Então iniciei um cursinho e passei no vestibular em Tubarão, Santa Catarina. Fiquei dois anos lá, até que consegui uma transferência e voltei para Porto Alegre.
Quando me formei, voltei para o Vale do Taquari, para trabalhar na minha região. Fui médica de emergência, até que retornei aos estudos, para me especializar em cirurgia.

• O que a pandemia tem ensinado aos profissionais de saúde?
Para cuidarmos dos outros, é preciso cuidar de nós mesmos. Estamos agora vendo uma alta dos contágios. Alguns chamam de segunda onda, ou da prorrogação da primeira, mas, de fato, estamos em um momento difícil, muito parecido de quando tivemos o pico da doença.

• Como esse crescente número de contágios interfere sobre os médicos, enfermeiros e técnicos dos hospitais?
Estamos trabalhando exaustivamente desde o começo da pandemia. Agora vemos mais latentes os sinais de cansaço das equipes. Tanto que há um grande número de profissionais que estão se contaminando. Eu, inclusive, acho que estou com covid. Estou com os sintomas e vou fazer o teste. Tanto que estou em isolamento.
Trabalhando exaustivamente desde o começo. Agora aparece os sinais de cansaço, tanto que o grande número de médicos vem se contaminando. Eu acho que estou com covid

• Quando chega o paciente com suspeita, qual a sensação deles no PA covid?
Vemos pacientes chegarem com um quadro muito ruim. Muitas vezes eles não percebem. Isso nos provoca uma necessidade de atenção ainda maior. Quando falamos que é preciso internar, o sentimento é de muito medo. Eles choram, ficam apavorados. Ficar em isolamento é muito difícil. Não poder ver a família e muitos com aquele sentimento de que não sairão mais.
Procuramos dar carinho, conforto, explicar para as famílias como serão os próximos passos. Essa é a nossa rotina dentro do pronto-atendimento.

• Qual a mensagem dos profissionais de saúde à comunidade?
O mais importante é se proteger. Temos de pensar no outro. Não é porque eu já tive covid-19 que não preciso me cuidar. Posso estar sem sintoma e ainda assim transmitir para os outros, para os colegas de trabalho. Use máscara, continue com o distanciamento, não faça aglomerações e evite festas. Sei que é difícil, estamos todos cansados. A responsabilidade é de todos. Ainda não temos uma cura e se trata de uma doença muito perigosa, que nos atinge quando menos esperamos, seja por adoecermos ou perdermos alguém que amamos.

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