O efeito do preço dos alimentos e das bebidas faz com que a inflação para novembro chegue a 0,89%, o maior patamar desde 2015. A inflação oficial do país, analisada a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi apresentada na manhã de ontem pelo IBGE. No acumulado dos 12 meses, houve um avanço de 4,3%, bem acima da meta da inflação do governo federal, que neste ano é de 4%.
Entre os produtos com maior alta no mês passado, destaque às carnes (6,5%), batata (29,6%), tomate (18,4%), arroz (6,2%) e óleo de soja (9,2%) Com redução, o leite longa vida (-3,4%). O segmento alimentação acumula alta acima dos 12% no ano, maior aumento desde 2002.
A demanda externa com o real desvalorizado reduz a oferta de produtos no mercado interno. Junto disso, há um aumento nos custos de produção. Esses são os motivos centrais da elevação no preço dos alimentos, afirma o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Segundo ele, dezembro de 2019, antes da pandemia, já trouxe uma tendência de aumento nos alimentos. A distinção fica por conta dos produtos causadores desse movimento. No passado, a carne havia sido a principal vilã. Agora, há mais similaridade entre diversos itens, em especial as commodities.
Na análise dos últimos 12 meses, a elevação nos custos dos alimentos para as famílias do país se aproxima dos 16%, quatro vezes mais do que a inflação oficial de dezembro\19 até novembro deste ano.
A alta continua
O professor e economista Eloni Salvi, acredita que os próximos meses ainda terão mais aumentos no segmento alimentício. Além da instabilidade da moeda nacional, a interferência do mercado internacional torna o câmbio favorável para negociar em dólar. Com isso, a opção é por reforço nos negócios para o exterior.
Isso faz com que a oferta interna seja reduzida, o que aumenta o preço dos produtos, diz. Ainda há um fator sazonal. Neste momento, aconselha Salvi, as famílias devem ter algumas prioridades. Economizar em itens alimentícios por meio da pesquisa de preços e procurar por alimentos da estação. “O que é fora de época sempre fica mais caro.”
Inflação real e a oficial
Para compor o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), são analisados nove segmentos (confira no boxe). Os alimentos são o principal custo às famílias, afirma a economista e professora Fernanda Sindelar. “O IPCA é nossa referência do custo de vida. Há outros componentes além dos alimentos, alguns que tiveram redução. Como a alimentação é o maior custo, dá a impressão de que a inflação está maior do que os dados oficiais”, explica.
Detalhes:
- A inflação oficial do país no ano está em 3,13;
- No acumulado dos últimos 12 meses, alcança 4,3%, acima dos 3,9% observados no período anterior (dezembro\18 a novembro\19);
- A meta da inflação para o ano é de 4%;
- A alta no preço dos alimentos foi percebida em todas as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE.