“Tentar resolver o problema do próximo faz o meu ficar um pouco menor”

Abre aspas

“Tentar resolver o problema do próximo faz o meu ficar um pouco menor”

Lenira dos Santos saiu de Gravataí para Estrela em busca de novos ares. Na Região Metropolitana, seu filho mais velho havia causado transtornos na comunidade em decorrência de dependência química. No Vale do Taquari, ela constatou que fugir não era uma solução possível e resolveu ajudar o próximo para se sentir melhor.

“Tentar resolver o problema do próximo faz o meu ficar um pouco menor”
(Foto: Ramiro Brites)
Vale do Taquari
oktober-2024

Lenira dos Santos, 58, saiu de Gravataí para Estrela em busca de novos ares. Na Região Metropolitana, seu filho mais velho havia causado transtornos na comunidade em decorrência de dependência química. No Vale do Taquari, ela constatou que fugir não era uma solução possível e resolveu ajudar o próximo para se sentir melhor. Em 2017, o grupo Guerreiras do Bem do Novas Moradas começou a realizar ações solidárias, principalmente, para famílias que passam pelas mesmas dificuldades que Lenira enfrentou.

• Como começou essa iniciativa?
A gente começou com o nome Marocas Solidárias, no intuito de chamar atenção da vizinhança para a participação geral de todas as mulheres do bairro. As “Marocas” ao invés de fazer fofoca, seriam “Marocas” solidárias, que fariam ações solidárias. Mas as vizinhas não quiseram participar do grupo com esse nome. A Carla Amaral que sugeriu o nome no grupo do WhatsApp, aí teve uma votação e o nome foi mudado. O grupo foi fundado em 12 de setembro de 2017. Menos de dois meses depois, em 3 de agosto, a gente já tinha camisetas e o grupo mais oficializado com a vontade de fazer o bem, não importa a quem.

• O que te levou a esse grupo?
Eu tive problemas com meu filho mais velho, que faleceu há dois anos, ele era dependente químico e isso gera uma situação muito triste em várias famílias. É um problema seriíssimo e a sociedade brasileira, às vezes, não sabe nem como enfrentar essa situação. Eu busquei a alternativa de fazer o bem, tentar resolver o problema do próximo para o meu ficar um pouco menor. Não valorizar tanto o meu problema, para ele não me incomodar tanto assim. Então, fazendo ações solidárias, fazendo o bem para o próximo, eu acabava esquecendo um pouco do meu problema. Eu me sentia recompensada e, de certa forma, bem aliviada, menos estressada. E isso dá uma gratificação muito grande. O emocional da gente fica muito bem com isso.

• Como está a programação para este Natal?
Os festejos vão ter que ficar para outra hora. A gente tá organizando a entrega de pacotinhos com guloseimas para as crianças. Doces, chocolate, pipoca, salgadinho, se Deus quiser vamos fazer uma cestinha bem generosa para cada criança do Nova Morada I e II. O presente tem que ser para todas as crianças, ninguém vai ficar sem. A gente conta com a colaboração de toda a comunidade estrelense para a gente fazer um natal bem legal para as crianças do Nova Morada. No momento, nós não estamos podendo fazer arrecadação de brinquedos por causa do tempo. A pressa nos impede de arrumar um brinquedo para cada criança. Não temos tempo hábil.

• A pandemia dificultou as doações?
A gente está com as ações bem limitadas. A comunidade estrelense sempre ajudou muito. Devido à pandemia, muitas pessoas estão desempregadas, outras com o salário diminuído, isso limitou muito até as ações voluntárias. As doações se tornaram mais escassas. Dessa maneira, a gente vai improvisando. Quem quer dá um jeito, quem não quer dá uma desculpa.

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