Apesar da pandemia, saldo foi positivo ao agronegócio, avalia CNA

Perspectivas para 2021

Apesar da pandemia, saldo foi positivo ao agronegócio, avalia CNA

Confederação Nacional da Agricultura apresenta participação do primeiro setor na economia, com aumento de 17,4% no Valor Bruto da Produção e abertura de mais de 102 mil novos empregos

Apesar da pandemia, saldo foi positivo ao agronegócio, avalia CNA
(Foto: Arquivo A Hora)
Vale do Taquari

O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, o superintendente técnico, Bruno Lucchi, e a superintendente de Relações Internacionais, Lígia Dutra, apresentaram nessa terça-feira o balanço 2020 e as perspectivas 2021 para o agronegócio brasileiro.

A pandemia trouxe reflexos na atividade, com aumento nos custos de produção devido a alta na taxa de câmbio. Ainda assim, o saldo foi positivo para o agronegócio do país, avalia a entidade.

De acordo com João Martins, foram mantidos os acordos com mais de 170 países e cumpridas às metas de exportação. Em termos gerais, o Agro teve o segundo maior aumento nos empregos criados, atrás apenas da construção civil. Foram mais de 102 mil vagas criadas de janeiro até outubro. E a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) teve avanço. Pelo Valor Bruto da Produção (VBP), o crescimento foi de 17,4% em relação a 2019.

De acordo com a CNA, os bons preços dos produtos agropecuários influenciados pela exportação e pelo dólar em alta não refletiram diretamente em ganhos aos produtores. Segundo a entidade, só 1% dos produtores de soja conseguiu comercializar o cereal no maior preço praticado no ano (R$ 156 a saca – preço médio foi de R$ 70); 6% venderam arroz em alta (R$ 104 a saca – preço médio vendido foi de R$ 52).

Já a pecuária de corte e leiteira tiveram aumento de custos de produção que superaram os ganhos. “O custo aumentou severamente para essas cadeias, o que dificultou arrancada do setor. A maioria dos produtores está recuperando perdas”, ressalta o superintendente Bruno Lucchi.

Expectativas e desafios

As projeções da CNA para 2021 indicam aumento de 3% do PIB do agronegócio (R$ 1,8 trilhões) e de 4,2% no VBP (R$ 941 bilhões), além de queda nos preços dos alimentos aos consumidores e maior demanda do mercado externo.

“Vamos atingir 300 milhões toneladas de grãos (4,3% de aumento), um novo recorde, mas que poderia ser ainda maior se não fosse a questão climática. Os produtores de soja, milho e algodão estão com 50% da próxima safra vendida e conseguiram amarrar receita e custos. Porém, para os demais produtores, não há esta sinalização devido ao aumento de custos, como é o caso da pecuária de corte, do leite e hortaliças, por exemplo”, projeta Bruno Lucchi.

Apesar das perspectivas mais positivas, o cenário continua desafiador e dependerá do controle sanitário, da retomada econômica e das reformas tributária e administrativa para, principalmente, reduzir o endividamento do Brasil que já alcançou 96% de comprometimento.

“A cada dez dólares exportados pelo Brasil, cinco foram do agronegócio”

No mercado internacional, resultados positivos conforme análise superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra. De janeiro a outubro, o país bateu recorde histórico ao exportar 85,8 bilhões de dólares, aumento de 5,7% no valor e 12,4% de volume.

“A cada dez dólares exportados pelo Brasil, 5 foram do agronegócio”, ressaltou Lígia Dutra ao destacar a soja como carro-chefe, com 58% das exportações. A China é o principal parceiro comercial, com a fatia de 30,8 bilhões de dólares, maior que a soma dos outros quatro destinos: União Europeia (13,7), Estados Unidos (5,6), Japão (2,1) e Coreia do Sul (1,8). “Esses cinco destinos respondem por 63% das exportações do agro brasileiro em 2020”.

O Brasil também registrou aumento nas exportações no ano para a China, Indonésia, Tailândia, Turquia e Venezuela, porém teve queda concentrada para os Estados Unidos, México (-492 milhões de dólares em ambos) e Irã (-1,6 bilhões). Os números, segundo Lígia, mostram a importância do aumento do mercado asiático para o país. A superintendente também informou que para 2021 a previsão da Organização Mundial do Comércio (OMC) é de retomada de mais de 7% na comercialização, o que traz otimismo ao setor.

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