Região aceita prorrogação do ICMS, mas exige contrapartida do Estado

Finanças públicas

Região aceita prorrogação do ICMS, mas exige contrapartida do Estado

Projeto em análise na Assembleia Legislativa estipula continuidade das alíquotas de combustíveis, energia e telefonia majoradas em 30%. Grupo técnico com integrantes de entidades representativas do Vale do Taquari prepara posição regional para apresentar aos deputados

Região aceita prorrogação do ICMS, mas exige contrapartida do Estado
Governo quer manter a alíquota de 30% de ICMS sobre todos os combustíveis. Nos cálculos da Fazenda, caso a matéria não seja aprovada, rombo nas contas públicas chegará em R$ 2,8 bilhões (Foto: A Hora)
Vale do Taquari

“A sociedade, as empresas, já absorveram o ICMS no patamar que ele está. Mas não podemos aceitar que sempre a solução seja prorrogar imposto para resolver os problemas de caixa do governo”.

A frase do advogado Fernando Arenhart, integrante do grupo de trabalho criado para estudar a proposta de reforma tributária do Estado, resume a posição que será levada entre esta e a próxima semana para deputados e integrantes do Executivo gaúcho.

Profissionais ligados a área contábil, econômica e jurídica, participantes das associações comerciais e câmaras setoriais da região, preparam um documento sobre a proposta alternativa do Piratini para o regime fiscal a partir de 2021.

O texto alternativo do governo traz alguns itens já apresentados na reforma tributária apresentada em julho e que foi retirado da votação pela contrariedade dos deputados frente às mudanças. O principal aspecto que pesou sobre a proposição anterior era o fim das isenções fiscais para itens da cesta básica de alimentos.

“A nova proposta é mais transparente com a sociedade. Deixa mais claro o que acontecerá. Na reforma anterior ficou subentendido que a principal preocupação era sanar o problema de caixa do Estado”, realça Arenhart.

Na reunião entre todos os integrantes do grupo, se fechou questão no entendimento de que além das prorrogações das alíquotas majoradas, é preciso aprofundar reformas administrativas e previdenciárias. “O Estado precisa fazer sua parte. Não é só repassar impostos para que população pague a conta”, finaliza.

A proposta alternativa do Estado foi entregue aos deputados na metade de novembro, em regime de urgência. Significa que o parlamento tem como prazo máximo 30 dias para votação em plenário. A expectativa é que a matéria seja avaliada entre o dia 16 até 20 de dezembro.

Preocupação para pequenas e médias empresas

Entre os artigos da proposta estadual está a alteração no Simples Gaúcho. A contadora Graciela Black, uma das profissionais do grupo de trabalho das entidades do Vale, realça que, pelo projeto, empresas com receita bruta de até R$ 180 mil por ano teriam isenção do ICMS.

Essa modificação traria perda de competitividade para muitas organizações, alerta. “A maioria das empresas da nossa região são pequenas e médias. A proposta do governo diminui e muito o número de beneficiados com a isenção do imposto”, destaca.

Rombo de R$ 2,8 bilhões

Pelos cálculos da Secretaria Estadual da Fazenda, o fim das alíquotas majoradas do ICMS traria uma queda de receita na ordem de R$ 2,8 bilhões ao Executivo Gaúcho. O patamar de 30% para combustíveis, energia elétrica e telefonia entrou em vigor a partir de janeiro de 2016, durante o governo de José Ivo Sartori.

Por força de lei, esse modelo de tributação perde validade a partir do dia 1º de janeiro. Como alternativa, o governador Eduardo Leite pretende manter a majoração do imposto sobre o consumo nos 30% para combustíveis, energia elétrica e telecomunicações.

Posição regional

O documento está em fase de conclusão e será apresentado à população regional ainda nesta semana. Em seguida, será entregue para deputados e integrantes do governo estadual. Em resumo, as cobranças locais exigem um plano contundente para reorganização da máquina pública.

Confira alguns detalhes:

  • As instituições representativas concordam com a continuidade das alíquotas majoradas de ICMS, desde que seja por um período menor. Até 2022;
  • O Vale cobra do governo projetos de reestruturação, tais como reforma tributária, redução da máquina pública, políticas voltadas ao desenvolvimento econômico;
  • O grupo de entidades não concorda com a redução da faixa de isenção do ICMS para empresas do Simples Gaúcho. Na análise dos técnicos, microempresas com faturamento acima de R$ 180 mil por ano serão prejudicadas;
  • O Vale é contra a ampliação da cobrança do IPVA para todos os veículos.

Acompanhe
nossas
redes sociais