“Posso transformar a vida de mulheres com a fotografia”

Abre aspas

“Posso transformar a vida de mulheres com a fotografia”

Dagda Carvalho, 27, é moradora de Lajeado e tem um projeto de empoderamento feminino negro. Por meio de fotografias, valoriza a autoestima e trabalha a autoaceitação de mulheres negras. Todos os anos, organizava um ensaio coletivo. Neste ano, por conta da pandemia, a atividade precisou ser suspensa

“Posso transformar a vida de mulheres com a fotografia”
Lajeado

• Como surgiu teu projeto de empoderamento feminino negro?

O projeto de fotografia nomeado de Montsho, um nome próprio africano que significa negra, surgiu da necessidade de empoderar mulheres por meio das minhas lentes. Percebi que as mulheres do meu círculo familiar e amigas, não tinham a autoestima que eu tenho. Foi quando pensei: Posso transformar a vida de mulheres valorizando suas belezas com a fotografia.

Criei ele para ajudar mulheres que até então, não percebiam a beleza negra por conta da influência social. Atualmente já se vê negros na grande mídia, em comerciais de televisão. Isso promove uma grande representatividade, porém ainda há um grande caminho ainda a ser percorrido.

Após a minha empoderação, como mulher preta comecei a perceber que nas minhas redes sociais, deveria prevalecer a imagem de meus semelhantes e como consequência criei o projeto para que outras mulheres também se percebam lindas e possam disseminar a ideia para suas mães, tias, amigas e vizinhas. Valorizar a identidade negra e a autoaceitação é o principal objetivo do meu projeto.

• Considera ele importante para a comunidade negra na região?

Não só para o povo negro, mas para todos os povos. As mulheres que foram fotografadas por mim, negras e brancas, me relatam que depois dessa experiência passaram a ter outra visão delas mesmas. Trabalho para resgatar sua essência de mulher, autoestima e autovalorização.

• Como te sentes promovendo este momento para mulheres negras?

Me sinto lisonjeada, tendo o conhecimento de que muitas mulheres já conquistaram seu espaço e tomaram posições após o meu trabalho. O mais importante é que elas se empoderem, seja por meio de um ensaio fotográfico ou por conquistas em relacionamentos ou âmbito profissional.

• Qual a tua relação com a fotografia?

Iniciei no ramo da fotografia em 2011. Mas a paixão pela fotografia é de mais anos. Lembro que fotografei minha irmã na sua festa de 15 anos e, após aquele momento, despertou meu interesse. Tenho a lembrança que ganhei minha primeira máquina profissional dos meus padrinhos.

Minha inspiração principal são as mulheres que estão ao meu redor e também mulheres pretas pelo mundo, como Beyoncé, Taís Araújo, Djamila Ribeiro, entre outras.

• Já organizaste debates sobre racismo, qual a importância para região de abordar esse assunto?

Sou uma das organizadoras do espaço “Bate-papo com as pretas”, página no Instagram, onde tratamos inicialmente de pautas raciais, porém no próximo ano vamos integrar diversos assuntos, além de contar com a participação do público em geral, pois mesmo o racismo não é um assunto que deve ser tratado só pela população negra, mas sim, pela sociedade como um todo.

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