Com o final do ano se aproximando (e com ele o verão, o Natal e o Ano Novo), há quem olhe pra trás e considere 2020 um ano “perdido”. Afinal, a pandemia de COVID-19 impediu muitos projetos e encontros e isso refletiu neste sentimento de “vazio experiencial”. Para não ficar na melancolia o melhor conselho é também bastante simples: mudar a forma como essa rotina limitada é encarada, abraçando e dando significado às pequenas vivências do dia a dia.
Para a psicóloga Tuani Bertamoni, em meio ao momento de isolamento que passamos e ainda estamos vivendo, o importante é valorizar os atos singelos da vida. “Foi e está sendo um tempo para rever o quanto uma rotina – às vezes tão odiada por alguns – pode ser útil e dar um norte em nossas vidas. Também podemos repensar o quanto cada pessoa e cada momento pode ser insignificante ou se tornar presente e especial no nosso cotidiano”, explica.
Tuani, que também é especialista em terapia cognitivo comportamental, destaca ainda que a mudança brusca vivida em 2020 também desestabilizou hábitos importantes. “No início da quarentena presenciamos muitas pessoas montando o seu ‘home office’ – e nele algumas questões ficaram esquecidas, como tomar água. Pois é, mas o que a água tem a ver com tudo isso? Uma pele, um corpo humano, uma vida não prospera sem água!”
Desmitificando a rotina
Se até antes da pandemia era fácil associar “rotina” a algo negativo, no pós-quarentena que se desenha, o significado dessa palavra ecoa como um alívio. “O quanto pessoas que odiavam rotinas agora clamam pela volta delas? Também pudera, as rotinas de alimentação e exercícios foram seriamente impactadas e, além do isolamento social prejudicar a saúde mental, ele acabou prejudicando também a sua saúde física, com aumento de peso e crises de autoestima”, relaciona a psicóloga.
É nessa relação que vem o aprendizado. Segundo a psicóloga, a forma como as pessoas se colocavam frente ao cotidiano reflete em como elas encaram a vida. “Há um ditado que diz ‘Você está vendo o seu copo d´água meio cheio ou meio vazio?’ Parece clichê, porém há uma grande reflexão. Afinal a forma como eu enxergo e como abasteço meu copo com água (literalmente e não literalmente, no sentido dessa frase) diz muito sobre como eu me vejo e me comporto diante das adversidades da vida”, completa.
Abraçando cada momento
Com a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas estão buscando encarar a volta às suas rotinas com mais otimismo. E esse sentimento é intensificado por estarmos próximos às festas de final de ano (e que para alguns ainda será um momento mais singelo do que nos outros anos). “Aproveitando que estamos chegando ao final deste ano um pouquinho desafiador para todos, que tal passar a aprender e se proporcionar uma visão mais positiva dos acontecimentos em sua vida? Foque no seu crescimento, no aprendizado que cada situação pode te trazer, no que de fato você quer e pode conseguir melhorar. Diga sim!”, propõe Tuani.
“No início da quarentena presenciamos muitas pessoas montando o seu ‘home office’ – e nele algumas questões ficaram esquecidas, como tomar água. Pois é, mas o que a água tem a ver com tudo isso? Uma pele, um corpo humano, uma vida não prospera sem água!“
Tuani Bertamoni, Psicóloga Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental