“Elas não vão mais aceitar a violência”

Dia de Combate à Violência Contra a Mulher

“Elas não vão mais aceitar a violência”

Hoje é celebrado, em todo o mundo, o Dia de Combate à Violência Contra a Mulher. Responsável pela Delegacia da Mulher em Lajeado analisa o cenário atual desse enfrentamento na região

“Elas não vão mais aceitar a violência”
Delegacia da Mulher funciona desde 2010 em Lajeado (Foto: Filipe Faleiro)
Lajeado

“O número ainda é expressivo, infelizmente. Mas as mulheres, definitivamente, não vão mais aceitar a violência. Elas estão muito unidas neste propósito”. A frase, da delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Márcia Bernini, reforça que a luta está longe de ser encerrada. Mas que há esperança de uma sociedade mais respeitosa no futuro.

Hoje, 25, é celebrado o Dia Internacional de Combate à violência contra a mulher. Atividades marcam a data em todo o mundo e, no Vale, vão desde palestras até ações simbólicas. Em frente a prefeitura, foram colados cartazes no chão chamando a atenção para as violências cometidas diariamente contra mulheres.

Em Lajeado, segundo Márcia, se percebeu um aumento de casos de violência contra a mulher em 2020, embora não seja um crescimento significativo na comparação com 2019. “Mesmo assim, acontece muito. É preciso diminuir drasticamente. E, com a questão da pandemia, estamos vivendo um período difícil. Você não pode simplesmente pegar suas coisas e ir para a casa de uma amiga, de uma vizinha”, salienta.

No município, são 264 ocorrências registradas relacionadas à violência contra a mulher entre janeiro e outubro deste ano, a maior parte diz respeito a ameaças (179). Márcia diz que há um intenso trabalho para que todos os casos cheguem até a Polícia.

“Lutamos muito para que essas situações sejam levadas até nós. Mas temos visto um aumento de ocorrências sim, principalmente de casais que estão há muito tempo juntos. As mulheres estão com mais coragem de denunciar”, acredita.

Ciclo de violência

Mesmo com o encorajamento das mulheres, Márcia lembra que ainda há medo e receio de muitas em denunciar, o que acaba criando um ciclo de violência. “Ela vai convivendo com aquele ambiente e as coisas se confundem. O cara volta atrás, diz que não vai mais fazer aquilo e as coisas acabam se repetindo. É um ciclo difícil de ser quebrado, principalmente quando eles têm filhos”, ressalta.

Lutamos muito para que essas situações sejam levadas até nós. Mas temos visto um aumento de ocorrências sim, principalmente de casais que estão há muito tempo juntos. As mulheres estão com mais coragem

O trabalho da Delegacia da Mulher, dentro disso, é fundamental. Há 10 anos, foi criada uma unidade em Lajeado. Márcia atua desde 2013 no local. “Damos uma atenção especial e fazemos tudo o que está ao nosso alcance”, afirma.

Em 2020, não foram registrados feminicídios até o momento na região. Em Lajeado, conforme Márcia, ocorreram duas tentativas nos primeiros meses do ano. “Estamos trabalhando muito. Qualquer alerta, temos atuado de forma rápida incisiva para tentar prevenir o crime mais grave”, ressalta a delegada.

Live sobre liderança

Os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres são uma campanha anual e internacional que começa hoje, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dentro da programação no estado, a Polícia Civil vai promover, às 11h de hoje, uma live com a presidente do Conselho do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano. A palestra, com mediação da chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, terá o tema “Empreendedorismo e liderança feminina”.

Na terça-feira, 24, a Univates realizou o 9º Fórum Regional de Enfrentamento à violência contra a Mulher. A programação contou com três palestras, todas realizadas de maneira online.

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