“Nós pintamos o que estávamos ouvindo”

Abre aspas

“Nós pintamos o que estávamos ouvindo”

Pintar quadros embalados pelo Blues e Jazz foi a forma que o professor Juliano Daitx, 36, encontrou para entreter e manter o aprendizado da filha Flora, 2. Os quadros produzidos pelos dois em meio à pandemia foram inspirados nos estilos musicais

“Nós pintamos o que estávamos ouvindo”
Vale do Taquari

• Como você teve contato com estilos como o Blues e Jazz?

Escuto Rock and Roll desde sempre. Na minha casa sempre havia música. Meu pai gostava de escutar o sertanejo raiz, que era muito parecido com o Blues. Daí uma coisa passou para outra. Sou natural de Porto Alegre, e lá também sempre tinha o costume de escutar muitas rádios. Essa é uma escola disso. Hoje escuto muito a Univates que possui um programa só de Blues e Jazz.

• Quais foram os primeiros artistas desses gêneros que você curtiu?

Comecei a gostar muito de Eric Clapton e depois percebi que ele tocava música de outros autores. Aí fui atrás desses caras. Todos os grandes guitarristas do rock fazem muita referência ao Blues.

• Você também toca, Juliano?

Sou guitarrista e tenho uma dificuldade tremenda de copiar. Então todas as coisas que eu toco são coisas que eu mesmo componho. Por exemplo, escuto um solo do The Rolling Stones e fico criando sobre isso. Eu vou misturando as pequenas coisas como se estivesse misturando tintas. Toco sempre improvisando e isso me levou ao Jazz, pois o Jazz é assim. Não há como ensinar o Jazz para alguém.

• Você também traduz a música em imagens. Como surgiu essa iniciativa?

Foi uma coisa situada dentro da pandemia. Eu e minha mulher trabalhamos de casa. Tudo isso de aprender novas funções e ter reuniões onlines trouxe uma burocracia para dentro de casa. A minha filha não ia para a escolinha e para uma criança deve ser horrível conviver com dois adultos atarefados. Então, me preocupei em ter uma companhia lúdica para minha filha, a Flora. O que fiz foi ir numa papelaria e comprar tinta e papel com a ideia de seguir a alfabetização no ambiente de casa.

• E onde entrou a música nesse processo?

Como escuto muito vinil de Jazz e Blues, pensei que esse poderia ser uma continuidade do processo de educação dela. Então nós pintamos o que estávamos ouvindo. Durante o processo, inventei alguns personagens e fizemos esculturas. A gente brincou bastante.

• Tem alguma referência na música?

Durante a pandemia escutei todos meus discos novamente. Dentre as músicas que escutei várias vezes, tem muito Belchior. A gente pode pegar qualquer música dele, pois é um cara maravilhoso.

• Por que Belchior?

Primeiramente pelo sotaque dele. Adoro os sotaques do nosso país. Somos ricos em diversidade e esse é o nosso grande valor. Depois, compreendendo as letras dele, se tem uma visão de um Brasil que está esquecido, que é essa região norte e nordeste. Então quando penso em Belchior penso em um olhar do outro do Brasil, o que faz muito sentido hoje. Belchior dá uma arejada em nosso ponto de vista.

• Você compõe também. Tem ideias de quantas músicas já criou?

Todo o meu trabalho na música está ligado com o meu trabalho como professor. Sou meio que professor 24 horas por dia. Então sempre levo minhas composições para a escola e algum aluno canta, faz uma letra. Tudo sempre próprio. Essa criação alimenta o meu imaginário. Teve musicas que fiz que os alunos apresentaram em feiras do livro ou outros eventos.

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